Uma marina de Ubatuba causou revolta entre ambientalistas ao enviar mensagem eletrônica sugerindo pagamento por captura de tubarões na cidade. O motivo teria sido um provável prejuízo econômico causado depois de dois turistas serem mordidos por tubarões em novembro.
Segundo o e-mail, atribuído a um dos diretores do Tamoios Iate Clube, a “preocupação é com possíveis danos ao turismo no município como consequência do grande destaque dado pela mídia aos ataques a banhistas ocorridos nos últimos 15 dias”. Assim, o ‘prêmio’ pela captura ou eliminação do organismo causador desses ataques.
O texto cita, ainda, que se for “realmente de um esqualo, o prêmio consistirá no valor mínimo inicial de R$ 20 por centímetro de comprimento do animal”.
Revolta de ambientalistas
O Coletivo de Entidades Ambientalistas de Ubatuba (Ceau) divulgou, na sexta-feira (26), uma nota de repúdio à ação “que dá incentivo à caça de cações ou Squalos (nomes populares para tubarões) com recompensa através de estímulo financeiro”.
O Ceau ressalta que os recentes acidentes envolvendo tubarões e humanos no município de Ubatuba foram casos raros e isolados, “não sendo, até o presente momento, comuns ou frequentes na região”. Bem como os impactos à vida marinha que podem ser “extremamente sérios e irreversíveis quando iniciativas equivocadas e que estimulam a
ilegalidade são colocadas em prática”.
A biodiversidade marinha e o grupo dos elasmobrânquios, que inclui os tubarões, já se encontra sob forte impacto negativo por consequência das ações poluidoras e degradadoras de origem humana no ambiente costeiro e marinho, conforme destaca o coletivo.
Além disso, os tubarões são essenciais para o equilíbrio do ecossistema marinho, sendo
que diversas espécies de tubarões já se encontram vulneráveis, ameaçadas ou em risco de
extinção, e atitudes como essa podem ampliar e causar imenso desequilíbrio ecológico
desencadeando diversos problemas, inclusive aos seres humanos.
O Coletivo ressalta também a Portaria MMA nº 445/2014, instituída pela Portaria MMA nº
201/2017 que proíbe a pesca de 410 espécies aquáticas ameaçadas em todo o território
brasileiro, segundo a qual parte das espécies de tubarões estão protegidas por lei. Portanto, a caça a determinadas espécies de tubarões é crime ambiental, passível de prisão e multa, “podendo os autores desta ação serem responsabilizados por eventuais capturas ilegais de espécies proibidas e outras abaixo do tamanho de captura permitido por lei”, conclui a nota.
O Nova Imprensa tentou contato com o Tamoios Iate Clube, porém não teve retorno até o fechamento desta edição.