Segundo ataque de tubarão é confirmado em Ubatuba

Uma mulher natural de Minas Gerais, de 79 anos, identificada como M.L.R., foi mordida por um tubarão na Praia Grande, em Ubatuba, no último domingo (14). Esse é o segundo ataque da espécie em novembro e, segundo o Instituto Argonauta, há pelo menos 32 anos Ubatuba não registrava incidentes entre banhistas e tubarões. Apesar dos ferimentos, os dois turistas passam bem.

Quem confirmou o ataque foi o especialista e pesquisador da Unesp, Dr. Otto Bismarck Gadig. De acordo com a análise dele, o agente causador do trauma foi uma espécie de tubarão de médio a grande porte. Ele possui a cabeça arredondada, focinho curto (morfologia acompanhada pelo contorno do maxilar superior). Sua boca é proporcionalmente larga em relação ao comprimento, dentes largos, serrilhados, moderadamente recurvados e com espaçamento interdental igual ou maior do que a
altura da coroa dos dentes.

Ele concluiu que essas características remetem exclusivamente a duas espécies: tubarão-tigre ou cabeça-chata, habitantes da fauna regional de tubarões da costa de São Paulo e cuja presença na região não é anormal.

Ambas espécies, portanto, são predadores costeiros de grande tamanho quando adultos, que se alimentam basicamente de peixes de médio porte. Eles utilizam a região costeira para cumprir suas funções e processos naturais, como alimentação e busca de áreas adequadas para reprodução.

O oceanógrafo da Universidade Estadual do Rio de Janeiro, David Zee, acredita que os fatores climáticos podem ter contribuído para o ataque. Como a região já tem um índice pluviométrico alto, facilitam uma saída maior de águas do fundo do oceano, e, portanto, mais fria.

“Mudanças climáticas começam na atmosfera, que faz muita troca com o mar diretamente, logo as cidades litorâneas estão mais vulneráveis. O continente é o último a sentir esses sinais, então quando notamos daqui é que a situação já está mais avançada lá”, explicou o oceanógrafo.

Incidentes com tubarão em Ubatuba

As informações a respeito do primeiro caso, ocorrido no início do mês com um turista francês, é que ele estava nadando e percebeu um cardume de peixes saltando em seu entorno. Então, sentiu a mordida. O caso ocorreu na praia do Lamberto, a cerca de 8 Km da Praia Grande.

tubarão
Turista francês foi atacado na praia do Lamberto (Foto: Instituto Argonauta/Divulgação)

De acordo com o Argonauta, a água estava turva e o tubarão confundiu a perna do turista com seu objetivo alimentar, que eram os peixes. No caso da Praia Grande, a mordida também teve cunho “investigativo”, uma vez que o animal não removeu/engoliu tecidos, embora o ferimento tenha sido significativo.

Procura de alimento

Ainda segundo o Instituto, assim como há uma presença muito maior de baleias na região do que em anos anteriores, também há mais tubarões. Estudos relacionam o fato com a busca de alimentos ou procura de lugar para darem a luz aos filhotes. Isto, associado ao aumento na frequência de pessoas no litoral durante esta época do ano, contribui para aumentar as chances deste tipo de encontro.

Prevenção é a dica

Para evitar encontro com tubarões e situações de risco, o Argonauta sugere que os banhistas fiquem sempre em grupo. Os tubarões normalmente atacam banhistas
solitários. Portanto, evite se afastar demasiadamente da praia, onde estará isolado e longe
de assistência.

Outra dica é evitar águas turvas, não avançar para águas muito profundas e não ultrapassar, de preferência, o ponto onde alcança o pé. Também é a conselhado evitar nadar de manhã cedo e ao final da tarde, quando os tubarões são mais ativos.

Importante também não entrar na água se estiver sangrando ou com um ferimento. Além disso, evitar adornos brilhantes ao entrar na água pode ajudar. Assim como não bater na água e evitar banhar-se com pequenos animais, ou em meio a cardumes de peixes ou onde as pessoas estão pescando.

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