Lobo marinho é flagrado descansando na praia de Maresias

Animal marinho recebeu hidratação por soro, mas está saudável e deve ser monitorado até partir

Lobo marinho veio do Sul do Continente (Foto: Divulgação)


Por Fernanda Veiga

Um lobo marinho subantártico, proveniente de regiões bem ao Sul do continente (Peru, Chile e Uruguai), foi flagrado na manhã desta segunda-feira (13) descansando nas areias de Maresias, ao Sul de São Sebastião. 

O animal provavelmente foi trazido por uma corrente marítima, quando saiu rumo ao Norte em busca de águas mais quentes para pescar. Ele foi avaliado pela equipe veterinária e não foi encontrado nenhum ferimento, apenas leve desidratação, tendo recebido soro e sido solto em seguida. 

Por volta das 8h, a equipe do Corpo de Bombeiros foi acionada por banhistas e, com apoio do Instituto Argonauta para Conservação Costeira e Marinha e do Projeto de Monitoramento de Praias (PMP), isolou a área. Isso por que o lobo marinho é arisco pode ficar irritado e até atacar em caso de aproximação. 

A espécie geralmente procura rochedos para descansar, mas quando por vezes acaba aportando em uma praia, chama muito a atenção das pessoas: “A visita deles é mais comum em praias do Rio Grande do Sul que são extensas e com menor quantidade de pessoas, onde eles sobem, descansam alguns dias e depois vão embora, sem qualquer  interferência humana”, explica Manoel Albaladejo, biólogo e coordenador do Instituto Argonauta em São Sebastião.

O biólogo contou ainda que o animal tentou continuar seu trajeto, mas não conseguiu. “Ele entrou na água, fez uma tentativa, mas acabou saindo em outro ponto da praia bem perto do Grupamento de Bombeiros, que monitora durante a noite e nós durante o dia”.

O monitoramento do animal marinho continua durante toda a sua permanência na praia, tanto para segurança dele – para não ser atacado por cachorros por exemplo – como de curiosos que podem tentar tocá-lo ou mesmo para fazer fotos. 

“O lobo marinho fica solto porque existe um tratado internacional de não-intervenção. Entende-se que o animal que é contido e levado para junto de outros animais, pode ter contato com alguma bactéria diferente e na soltura vai introduzi-la na colônia, podendo adoecer centenas de animais. Então existe esse protocolo de não interferir, não deslocar os animais marinhos para o centro de reabilitação, oferecer tratamento na praia sempre que possível. A não ser que esteja muito debilitado, então é feita a intervenção, aí o animal não pode ser reintroduzido na natureza, sendo encaminhado posteriormente para um zoológico ou aquário, por exemplo”, completa o biólogo.

PMP

O trabalho do PMP é uma condicionante do licenciamento ambiental do Pré-Sal da Bacia de Santos. O objetivo é avaliar a interferência das atividades de produção e escoamento de petróleo sobre as aves, tartarugas e mamíferos marinhos, através do monitoramento diário das praias e do atendimento veterinário a animais vivos e mortos.


Durante o monitoramento, se forem identificados animais que precisem de atendimento veterinário, eles são encaminhados a um dos centros de reabilitação. Após o tratamento, são novamente avaliados para atestar se já estão aptos a serem soltos, o que ocorre após a marcação de cada um dos indivíduos. Isso permite que seja feito um acompanhamento, caso o animal reapareça em outra região. Nos animais mortos é realizada necropsia para identificar a causa da morte e avaliar se houve interação com atividades humanas tais como pesca, embarcações e óleo.

Encontrou um animal marinho?

Bruna Passadore, Monitora de Educação Ambiental do Aquário de Ubatuba, dá um alerta importante a respeito dos pinguins: “Muita gente que avista um pinguim na praia, o resgata e coloca em caixa térmica com gelo. Ao invés de salvar, mata o animal. Isso porque pouca gente sabe que a temperatura corporal do animal é alta, ele se protege do frio com um recurso natural que não estará tão funcional quando ele é encontrado na praia, por estar debilitado. O pinguim precisa ser colocado em caixa de papelão e jornais ou panos, para se esquentar”. 

Manoel completa: “Se não conhece bem a espécie, o ideal é que não toque. O animal pode estar estressado, doente, machucado. Queremos proteger o animal mas também as pessoas de terem contato com alguma zoonose. Houve um caso de uma baleia que encontramos morta, encalhada na praia em Caraguatatuba. e várias pessoas iam até ela para fazer selfies. Entravam naquela água com 20 toneladas de carne podre, correndo risco de adoecerem, tudo por uma foto.  Recomendamos que avistando qualquer espécie entre em contato com o Instituto”.

Se avistar um animal marinho, vivo ou morto ligue para os números: 0800 642 3341; Whatsapp 12 99735-9167 e 12 99705-6506.  Para conhecer  o Instituto:  www.institutoargonauta.org.

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