Teimoso propôs Moção de Repúdio ao projeto de lei do deputado estadual Feliciano Filho, que proíbe transporte de carga viva no Estado
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Boi Herói nadou por 5 horas após cair do Porto de SS (Foto: Divulgação) |
O vereador Teimoso, de São Sebastião, propôs uma Moção de Repúdio ao projeto de lei que pretende proibir embarque de animais nos portos do Estado de São Paulo. O autor alega que a proibição seria um “retrocesso” e afetaria “o setor que mais emprega e gera renda”. No documento, Teimoso diz que o embarque de carga viva representa um terço da movimentação no Porto de São Sebastião. Segundo ele, a atividade gera 200 empregos diretos e 300 indiretos a cada embarque. O repúdio ao projeto deve ser colocado em votação após o recesso parlamentar de julho.
O projeto que visa suspender o embarque de carga viva para fins de abate é do deputado estadual Feliciano Filho (PPS) e está prestes a ser votado na Assembleia Legislativa. O movimento ganhou força após dois episódios de queda de animais no mar durante o embarque no Porto de São Sebastião.
De acordo com ativistas da causa animal, os navios que transportam gado viajam meses sem condições míninas de higiene e alimentação para os animais. Além disso, o impacto ambiental também seria expressivo, pois as embarcações utilizadas possuem condições precárias e depositariam diretamente no mar fezes, sangue, vísceras e até corpos de animais que morrem frequentemente nos trajetos.
De acordo com Feliciano, “existem laudos veterinários contrários ao embarque e juízes, procuradores e promotores também já publicaram pareceres contra essa atividade. O sofrimento dura de 15 a 20 dias em embarcações quentes, imundas e apertadas. Estamos vendo até mesmo casos de bois que se jogam ao mar em tentativas desesperadas de fugir desses navios da morte, como foi o caso documentado do boizinho Herói, que na semana passada pulou de um navio e nadou por cerca de cinco horas em águas geladas até ser resgatado”.
O caso
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Moção de Repúdio é de autoria do vereador Teimoso (Foto: CMSS/ Divulgação) |
O deputado se refere ao boi que caiu do Porto de São Sebastião na madrugada do dia 14 de junho. Ele foi resgatado pela tripulação do veleiro Endurance a 10 quilômetros de distância do porto. A equipe rebocou o animal até a praia das Cigarras e afirmou ao Nova Imprensa que o boi estava muito cansado e apresentava sinais de estresse. “Ele tentou subir no veleiro para se salvar, mas conseguimos amarrar um cabo e colocar uma boia para flutuação da cabeça. Deste modo, o levamos puxado até a terra firme e esperamos o resgate”, contou o marinheiro Pedro Felde. Ativistas ainda tentaram comprar o animal para libertá-lo, mas o boi foi reembarcado no navio Adelta, de bandeira do Panamá, rumo ao Oriente Médio.
Após o episódio, entidades envolvidas na operação divulgaram medidas de precaução. Segundo Valdner Bertotti, responsável pela empresa VB Agrologística, medidas estão sendo adotadas pelas empresas e principalmente a Cia Docas, responsável pelo Porto. “O pessoal do porto já disponibilizou uma embarcação que ficará a postos 24 horas nos dias de embarque de gado para, caso seja necessário, fazer o resgate de algum animal. Além disso, já estamos em fase de testes à instalação de equipamentos que minimizam os odores que este tipo de carga traz para a cidade e já temos implantado um sistema eficiente de monitoramento e higienização dos locais por onde os caminhões passam”, disse.
Números do embarque
De acordo com a Agência de Notícias de Direitos Animais (Anda), o porto de São Sebastião não possui os requisitos ambientais exigidos em lei pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), mas realiza o embarque de 10 mil cabeças de gado por mês em média. A atividade gera uma movimentação média de R$ 300 mil por dia de embarque.
O primeiro navio deste tipo atracou em água sebastianense há 26 anos. A ação chegou a ser interrompida, mas foi retomada no ano 2000 permanecendo até os dias atuais. De acordo com a a Cia Docas, neste período houve um crescimento considerável da operação e embarque de bovinos que normalmente são exportados para países como a Turquia.
Um levantamento feito pela Secretaria Municipal de Fazenda, de janeiro a junho de 2018, a Companhia Docas, administradora do porto, recolheu cerca de R$189 mil reais em Imposto Sobre Serviços (ISS), deste total, calcula-se que são cerca de R$ 13,3 mil mensais relativos exclusivamente à atividade de gado.
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