Pesquisa revela que imprensa sofre 2 ataques virtuais por minuto e agressão a cada 3 dias

Foi divulgado o relatório anual da Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e TV (ABERT), com um resultado assustador: Profissionais e veículos de imprensa sofrem dois ataques virtuais por minuto, o que representa 2,9 mil ataques por dia. Além de agressão física a cada três dias.

O estudo ‘Violações à Liberdade de Expressão da Imprensa Brasileira’ trouxe números de 2023, que computou 111 casos de violência não letal, envolvendo pelo menos 163 jornalistas e veículos de comunicação.

Em fevereiro de 2023, um grupo de moradores de São Sebastião agrediu fisicamente e com palavrões a reportagem do Estadão, que cobria a tragédia das chuvas na cidade. Um deles obrigou o repórter fotográfico Tiago Queiroz a apagar fotos que tinha feito das ruas do condomínio alagado, com carros danificados. Queiroz, no entanto, salvou as imagens em outro cartão de memória.

Outro morador empurrou a repórter Renata Cafardo em um alagamento e tentou roubar o celular da profissional. Um funcionário do condomínio e outros moradores haviam autorizado a reportagem a entrar no local.

ABERT
Em 2023 São Sebastião, moradores agrediram fisicamente e com palavrões a reportagem do Estadão (Foto: Tiago Queiroz/ Estadão)

Perfil da agressão

O relatório da ABERT aponta que políticos e autoridades públicas estão entre os principais autores de ataques à reputação de jornalistas. A forma mais comum são acusações falsas ou enganosas de parcialidade política (54%), seguidas de incompetência (43%) ou de conduta antiética (42%)

Entre as violências não letais estão intimidações, ofensas, ataques, vandalismos e crimes de importunação sexual.

“Imprensa canalha”, “mídia mentirosa”, “propagadores de fake news” são acusações recorrentes dirigidas aos profissionais da comunicação, numa tentativa de difamar a imprensa, descaracterizar o papel de informar e descredibilizar o trabalho jornalístico.  Os xingamentos lideraram (89%), e em 56% desses casos, os profissionais faziam coberturas políticas.

A pesquisa informa ainda que jornalistas vítimas de ataques à reputação sofreram danos à saúde mental. Então, por se sentirem mais propensos a agressões físicas ou ameaças de violência,  os profissionais acabam afastados de suas funções . Além disso, consideram abandonar o jornalismo ou se mudarem para outra cidade ou país para evitar as ameaças.

Aproximadamente 40% dos entrevistados pela ABERT afirmaram ter mudado ou reduzido a cobertura jornalística sobre determinados assuntos para evitar o assédio ou que o trabalho fosse desacreditado.

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