Vencedor do Largados e Pelados da Colômbia, o sebastianense Juliano Hojah foi destaque na tela do Discovery e HBO Max ao encarar mais um desafio de sobrevivência extremo. Aos 40 anos, o engenheiro florestal, mestre em agroflorestas tropicais e produtor rural, é um dos participantes brasileiros escalados para a primeira edição nacional do reality show.
O spin-off Largados e Pelados – A Tribo, que estreou recentemente, colocou dez veteranos das temporadas anteriores para tentar sobreviver juntos por 30 dias nas proximidades do Parque Nacional Kruger, na África do Sul, um dos ecossistemas mais temidos da franquia. Os participantes, sem roupas, nem comida ou água, foram largados em plena savana africana, no final da época seca.
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Morador de uma chácara em Natividade da Serra (SP), onde produz alimentos vendidos em São Sebastião, Hojah conta que desenvolveu grande parte de suas habilidades de sobrevivência na região caiçara, com trilhas, acampamentos e aprendizado de técnicas manuais.
“Fui criado em São Sebastião, onde aprendi muito do que sei. Hoje fico metade da semana em São Sebastião fazendo minhas consultorias e vendas de produtos e a outra metade da semana passo no meu sítio no Bairro Alto”, explica. “Lá o clima é mais apto para os cultivos agrícolas e conseguimos produzir uma maior variedade de alimentos, que vendemos desde o bairro Cigarras até o Guaecá todas as semanas”, orgulha-se.
Em entrevista exclusiva ao Nova Imprensa, o especialista em agroflorestas comparou as experiências na África e Colômbia e deu detalhes da nova aventura. “A principal diferença é que você aprende a lidar com a questão da produção. Mas como foram ecossistemas completamente diferentes, tudo era muito novo”, contou Hojah.
“Mesmo sendo engenheiro florestal, o ecossistema da savana africana é completamente diferente de qualquer um que temos em nosso continente. Fomos no fim da época seca, o que deixou o ambiente ainda mais difícil e sem recursos. Tudo seco e com muitos espinhos,” revelou.
Desafios na África do Sul
Entre os feitos que o deixaram mais orgulhoso nesta temporada, Juliano Hojah destacou a captura de um lagarto em cima da árvore, a construção de um abrigo eficiente contra ventos, a conservação de carnes de caças e, de forma inédita, ter pescado com anzol primitivo.
O período de 30 dias, no entanto, veio com um preço alto. Juliano teve um mal-estar severo por volta do 20º dia do desafio. “Me sentia muito mal, com dor em todo o corpo, bem parecida com a da dengue, e as ínguas muito inflamadas. Cheguei a ter muita dor de cabeça também”, descreveu.
Pelos sintomas, a desconfiança da produção é que pode ter sido a doença do carrapato. “Por sorte, não tive febre e meus sinais vitais eram bons, não precisei de intervenção médica. No fim, não descobri o que tive ao certo. Foi muito difícil, mas o que me manteve na experiência foi o controle mental”, pontuou.
A fome, ele afirma, foi a pior experiência. O paulista perdeu 15 quilos durante o desafio. “Não é nada agradável passar fome por dias… imagina um, dois, três, quatro dias de fome… trinta então, nem se fala. Sem sombra de dúvida, a comida é o que mais me impacta nesses desafios”, desabafou.
Bagagem de sobrevivência largado e pelado
Juliano, que já morou com indígenas na Costa Rica e na Amazônia Peruana, além de trabalhar com comunidades caiçaras de Ilhabela, credita sua resistência à sua vivência. “A principal preparação minha vem das minhas experiências de vida em ambientes selvagens e hostis em meus estudos e consultorias. Tudo isso me trouxe uma bagagem que me dá maior controle mental nos momentos difíceis e habilidades que trazem maior conforto diante das adversidades”.
Sobre a convivência em grupo, o engenheiro florestal garantiu que, apesar das diferenças de personalidade e alguns conflitos pontuais na busca por equidade nas funções diárias, todos se tornaram grandes amigos. “Hoje a que tenho mais proximidade é a Marina. Inclusive, depois do desafio da Colômbia nos tornamos vizinhos quando ela comprou parte do nosso sítio”.
O que o público pode esperar dessa temporada de “A Tribo”? Juliano destaca que sempre buscou a equidade nas funções diárias. Por isso, a audiência pode esperar muita aplicação de suas habilidades na tela: “Desde a construção, trabalhos manuais, resistência e criatividade para passar por todas as adversidades”, finalizou.
Tamanho empenho teve resultado. Sua Avaliação de Sobrevivência Primitiva (ASP) saltou de 8.6 para 9.0 no final da experiência.