Trabalhadores da Petrobras em Caraguatatuba e São Sebastião estão em greve. O grupo não concorda com a proposta apresentada pela empresa para o Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) e iniciou a paralisação por tempo indeterminado, nesta segunda-feira (15). A decisão ocorre após cerca de quatro meses de negociações entre a companhia e as entidades sindicais.
A proposta, apresentada pela Petrobrás prevê reajuste real de 0,5% na Remuneração Mínima por Nível e Regime (RMNR), além da aplicação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) sobre os demais itens. Segundo representantes da categoria, o texto não contempla a recomposição de perdas salariais de aposentados e pensionistas.
Entre os pontos questionados pelos trabalhadores estão mudanças nas condições de trabalho, como a redução do período de proteção no retorno de férias de oito para cinco dias, a ampliação da jornada de médicos e dentistas recém-contratados para até 40 horas semanais, a manutenção da política de supressão de folgas em regimes offshore e de turno, além da ausência de avanços nas regras de teletrabalho.
A proposta também inclui alterações na Assistência Multidisciplinar de Saúde (AMS). De acordo com os sindicatos, o novo modelo transfere aos empregados 30% dos custos administrativos do plano, anteriormente arcados integralmente pela empresa, além de prever mudanças no cálculo do chamado Grande Risco e na gestão do fundo de sustentabilidade da AMS.
Aposentados, aposentadas e pensionistas também manifestaram descontentamento com a ausência de medidas específicas para esse grupo, especialmente em relação à reposição de perdas acumuladas e à solução dos Planos de Equacionamento de Déficit (PEDs) da Petros, fundo de pensão dos empregados da Petrobrás.
Outro ponto de divergência é a vinculação do adiantamento da Participação nos Lucros e Resultados (PLR) e do Programa de Remuneração Variável (PRD) à assinatura do ACT até 30 de dezembro, o que foi interpretado pelas entidades sindicais como uma forma de pressão durante o período de fim de ano.