Famílias denunciam insalubridade em alojamento provisório de São Sebastião

Insalubridade – Com quatro ventiladores, num espaço de apenas 18 metros quadrados, a faxineira de São Sebastião Marialva Santos tenta aliviar o calor na moradia cedida pela Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU), na Topolândia.

“Isso aqui é um forno”, disse ela, mostrando uma mancha no ombro, que acredita ter sido causada pelo calor.

Marialva também demonstra preocupação com os três filhos, especialmente o autista, que fica mais agitado. O calor aumenta quando acende o fogão.

Ao notarem a presença da reportagem, outros moradores se aproximaram para se queixarem do calor e de outros problemas que vivenciam no local. Eles contam que a CDHU não permite instalação de ar-condicionado, por falta de capacidade da rede de energia. Também relatam infestação de carrapatos.

O alojamento foi a solução emergencial adotada, para acomodar famílias vítimas da tragédia ocorrida em fevereiro do ano passado (Foto: Helton Romano/ NI)

A situação no alojamento foi exibida no Fantástico, da TV Globo, que abordou a falta de ventilação e a dificuldade de um cadeirante para entrar no banheiro.

Na última sexta-feira (23), o juiz Guilherme Kirschner reconheceu que “há sérios indícios que o local, pelo desvirtuamento de sua finalidade, tem se mostrado insalubre para acolhimento de longa duração”.

Depois da repercussão e da manifestação do juiz, a Prefeitura instalou mais um ventilador de parede em cada unidade.

O local, construído com madeirite, foi batizado de “Vila de Passagem”. O alojamento foi a solução emergencial adotada, para acomodar famílias que, por algum motivo, tiveram que deixar as casas que moravam, após a tragédia ocorrida em fevereiro do ano passado.

O alojamento, de 72 unidades, começou a ser ocupado há dez meses. O anúncio na época era de que o local serviria de moradia até que ficassem prontos os apartamentos da CDHU.

Com o atraso das obras, a permanência acabou se estendendo além do previsto. Apesar da inauguração, no início de fevereiro, do conjunto habitacional de Maresias, ainda não foi transferida nenhuma família da “Vila de Passagem”.

A Defensoria Pública cobra a transferência imediata de, ao menos, 22 famílias que manifestaram interesse em ir para Maresias, e que ainda não tiveram resposta do Estado. Outros moradores aguardam a construção dos apartamentos prometidos na Topolândia.

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