Grupo de 9 pinguins reabilitados é devolvido à natureza

Nove pinguins-de-Magalhães resgatados nas praias do Litoral Norte e reabilitados pelo Instituto Argonauta, voltaram ao seu habitat natural nesta quarta-feira (18). A previsão, de acordo com a bióloga Carla Beatriz Barbosa, é que eles percorram o caminho até a Patagônia argentina.

“O esperado é que aproveitem a corrente e se direcionem para o sul da América do Sul, até chegar próximo a região patagônica. Lá existem colônias reprodutivas e de permanência para descanso e alimentação”, explica ela.

Os pinguins foram encontrados na região feridos ou debilitados durante a temporada deste ano, que teve início no mês de junho, e receberam tratamentos para poderem voltar para casa.

Os animais resgatados estavam na Barra do Una, Paúba, Santiago e praia da Vila, em São Sebastião. Outros, na praia do Curral, Perequê, e praia de Itaquanduba, em Ilhabela. Alguns  foram avistados em Caraguatatuba e Ubatuba, mas não foram localizados para resgate.

Pinguins aptos

Segundo a médica veterinária Raquel Beneton Ferioli, responsável técnica do instituto, o animal deve nadar ativamente no recinto e manifestar comportamento normal para a espécie, durante todo o período de avaliação, para ser considerado apto a retornar para a natureza.

Além disso, devem apresentar impermeabilização total da plumagem e se alimentar espontaneamente. Eeleas ainda passam por exames clínicos e laboratoriais para atestar a saúde de cada. “Com isso, clinicamente os pacientes estão liberados para soltura”, detalhou a veterinária.

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Os pinguins foram para alto mar com a equipe do Argonauta, em parceria com o Aquário de Ubatuba, e apoio da Mineral Engenharia e Meio Ambiente. “O lugar escolhido envolve algumas especificidades, tais como a latitude e longitude”, explica o oceanógrafo e presidente do Instituto Argonauta Hugo Gallo Neto.

O estudo é feito com apoio do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), que levanta as posições das correntes que farão os pinguins encontrarem o caminho com maior facilidade para retorno às colônias.

Pinguins com microchips

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Antes da soltura, os animais receberam microchips, para identificação em caso de encalhe em outros pontos da costa brasileira. Esse procedimento também pode auxiliar no trabalho de pesquisas científicas, como por exemplo, em estudos nas colônias.

Embora tenham microchips, não é possível rastrear os pinguins. “Os registros de identificação dos animais são importantes no caso de um eventual encalhe, para que outras instituições que trabalham com resgate de fauna marinha, possam identificar a origem da soltura, por exemplo”, explica Carla. Os dados também são úteis para pesquisadores que atuam nas colônias da espécie, através do conhecimento sobre os deslocamentos que os animais realizam.

Curiosidades

A temporada dos pinguins-de-Magalhães na região iniciou em junho deste ano, mas o pico esperado ocorreu entre os meses de julho e agosto. A previsão do seu ciclo natural, é que eles retornem para o sul no início da primavera. Portanto, ocorrências envolvendo a espécie agora seria anormal.

Ao contrário do que muitos imaginam, esse pinguim não é polar e, por isso, não está adaptado a baixas temperaturas. Durante a sua jornada migratória, os pinguins-de-Magalhães enfrentam diversos desafios, e por esse motivo, muitos chegam à região debilitados ou mesmo sem vida. Do total de pinguins atendidos pelo Argonauta, somente 20% chegam vivos.

De acordo com a Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas (em inglês, IUCN Red List ou Red Data List), o pinguim-de-Magalhães está classificado no grupo “segura ou pouco preocupante” (em inglês, least concern).

No entanto, a espécie sofre com os impactos da interação antrópica, a exemplo de outros animais marinhos, causados pela pesca, os efeitos das mudanças climáticas e alterações no ambiente marinho.

O Instituto Argonauta reabilita pinguins desde o ano de 2012 em continuidade ao trabalho de reabilitação realizado pelo Aquário de Ubatuba desde 1996.

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