coluna de opinião da série foto em foco
Márcio Pannunzio, texto & fotos
Foi no dia 22 e esse dia não poderá ser papagaiado pelo vereador propagandista do bolsonarismo na tribuna da câmara ilhabelense, porque o acontecimento que abrilhantou o fim da sua tarde, foi uma colorida e dançante celebração da democracia em Ilhabela.
Fotos e vídeo por si mostram sem necessidade de palavreado, essa festa que se inscreve na história dessa cidade pequena, periférica e rica demais que, a despeito desses três adjetivos, é sim Brasil.
São Sebastião fez a sua antes e em praça pública.
Estranha coincidência Excelentíssimo Senhor Vereador, é 13 no 22.
Essa gente que ocupou praças e avenida nas cidades vizinhas é fração minúscula daquela que vive ansiosa, atemorizada pelo seu futuro. Esse temor nasce da percepção aterradora de que o país se perverteu e deu voz e protagonismo à desumanidade, à imoralidade, ao anti-intelectualismo, ao farisaísmo, ao racismo, à misoginia, à homofobia, ao anticientificismo, à aporofobia, à violência, à pedofilia, ao fascismo e por tão longa lista, resumindo: à barbárie.
Seis anos de desgoverno Temer & Bolsonaro desconstruíram conquistas caras da redemocratização e colocaram em perigo as instituições da república. Não há área governamental que não tenha sido impiedosamente desmantelada e aparelhada pelas pessoas mais medíocres e ignóbeis: cultura, cujo ministério de imediato foi extinto; saúde – que deixou morrer centenas de milhares de brasileiros de covid; educação – que desassistiu a estudantada e exibiu como feito brilhante a criação de colégio cívico-militar e um deles em Ilhabela, cidade bilionária que tem a nota mais baixa nos índices municipais da educação, do planejamento, do meio ambiente e de proteção dos cidadãos, falhando na manutenção das suas escolas e seus equipamentos e submetendo seus funcionários a condições precárias de trabalho; meio ambiente – que deixou fogo correr solto na terra brasileira; cidadania – que vilipendiou direitos humanos; infraestrutura – que tão pouco fez; desenvolvimento regional – que só fez se apropriar do que fizeram os governos passados; minas e energia – escolheu vender patrimônio ao invés de o cuidar; defesa – tornado motivo de chacota pelas compras de próteses penianas e pílulas de viagra; fazenda – decidiu privilegiar os ricos arruinando os pobres…
O Brasil depauperou; mais de trinta milhões de brasileiros passam fome e o plano do posto ipiranga é diminuir o salário mínimo, comprometendo drasticamente a capacidade de compra da maioria da população.
A miséria vemos ao redor; brasileiros e brasileiras habitando a sarjeta, dormindo ao relento, passando fome, dependendo da caridade alheia. Gente que deveria por humanidade e solidariedade ser tratada feito gente e que, esse cruel governo, só ignorou, no seu enorme sofrimento cotidiano, na sua doença sem tratamento e na sua morte anônima em cova rasa e sem nome.
Na Ilhabela, a mais rica das cidades do Brasil, homem dorme na rua e idoso mendiga na esquina.
Foto em foco de 2018 dizia que o Brasil perdeu a graça. Pior que a perder, se tornou infame.
Essa infâmia explode comprometendo o frágil tecido que nos unia como habitantes compartilhando o mesmo país com respeito e algum carinho uns pelos outros. O diálogo foi interditado e pontes de aproximação entre os pensamentos diferentes foram destruídas pela escolha malsinada de governar pelo fígado, governar em prol duma visão de mundo ultra direitista, populista, reacionária e ressentida, restando aos que não a aceitam, “a ponta da praia”, o local tenebroso da matança dos opositores da ditadura militar no Rio de Janeiro. Desalmada pátria amada, outrora cantada mãe gentil.
Hoje, cai de desespero em desespero, cingida de demônios, cobrindo um dos olhos com a mão e cravando o outro num quadro horroroso. Quando alcançará o fundo do abismo? Quando raiará em meio à derradeira desolação, um milagre superior a qualquer fé, a luz da esperança? extraído do romance Doutor Fausto, de Thomas Mann
O brasileiro lúcido enxerga assombrado a ruína da nação e se assusta com a crescente hostilidade dos que se cegaram por força de tanta e deslavada mentira e preconceito, impunemente bombardeados à exaustão nas redes sociais pelos propagandistas do bolsonarismo, num insidioso processo de lavagem cerebral dos incautos, dos despreparados, dos humildes.
A cisão das famílias e dos amigos é fato antigo nesses tempos de alucinação coletiva. Ainda que as pessoas antes queridas pouco se encontrem ou nem mais se falem por divergência política, mais um degrau ao inferno pode ser descido e o antagonismo possa atingir o paroxismo se Bolsonaro for reeleito. Brasileiros sendo mortos por não serem bolsonaristas. Já têm sido mortos.
Seriam mortos ainda mais, porque afinal, berra impune o messias mito que o seu povo armado jamais será escravizado. Em nome dessa provocação absurda Roberto Jefferson, bolsonarista raiz, fuzila e tasca granada noutros acreditando cumprir o ideário do seu líder que armou, fartamente, sua milícia para realizar por ventura o seu sonho assassino de matar no mínimo “uns trinta mil”.
Nesse nosso pequeno universo, duma praça de coreto tomada por moradores de rua e duma praça de gigantesca mangueira que acobertava amantes, nesses dois lugares celebrados por serem baluartes contra a derrocada dum lugar imensamente maior, o Brasil, quem bravamente os ocupou festejando com vibração e canto forte a defesa da cidadania ultrajada, ora sofre, teme e vive mal porque vive aflita por assistir faz tempo sua pátria virar pária entre as nações ao naturalizar o discurso bolsonarista do ódio.
Aquela antiga foto em foco alertava que:
Espantosamente, à beira do abismo, escolheu-se nele se lançar. Para isso, sem dúvida, contribuiu o acirramento da campanha orquestrada com avidez pela extrema direita, semeando massivamente informação manipulada a ponto de corromper, o adoecendo, o pensamento de grande parte do eleitorado.
Jornalões e TV aberta não tiveram vergonha de colocar na mesma balança duas candidaturas de perfil inconciliável em paridade assemelhada. De um lado, um democrata, professor universitário, escritor, servidor público de carreira exemplar como ministro da educação e prefeito de São Paulo e, do outro, um político profissional defensor da ditadura e da tortura, iletrado, truculento, misógino, homofóbico, ressentido, enriquecido na política, integrante obscuro do centrão, ex-militar expulso do exército, presença disputada em programas humorísticos por sua bizarrice.
Neste domingo, o país terá a chance de reverter essa escolha que tamanho estrago lhe causou, elegendo a frente suprapartidária de defesa da democracia. Capitaneada por um ex-presidente cuja vida virou livro e filme; que sempre pregou a conciliação pelo diálogo. Praticando o exercício do poder construindo elos entre os divergentes e demolindo os muros da segregação que humilham e martirizam os desamparados.
Fernando Haddad entre simpatizantes, em Caraguatatuba.
Para o bem do estado de São Paulo e, principalmente, do Litoral Norte, é imprescindível eleger Fernando Haddad, um paulista que está plenamente qualificado para o cargo. Evitará que esse estado ainda pujante e tão importante, se torne um nicho do retrocesso, da selvageria bolsonarista. Evitará que ocorra em seu território, o desastre que tomou conta do Brasil assustando o mundo civilizado.
olalaporno.com shemale destroys her man.
Como sempre belíssimo texto e fotos, captando tão bem a realidade dos horrores como a esperança por dias melhores.
Boa sorte para nós!!!
Um recado claríssimo, cheio de arte desse que mostra a realidade de um povo sem medo em Ilhabela, parabéns mais uma vez , Márcio Pannunzio, sou sua fã!!