Tenente Érica Ramalho de Macedo assume comando dos Bombeiros de Caraguá e São Sebastião

A tenente Érica Ramalho de Macedo, de 34 anos, assumiu, na última semana, o comando das Estações de Bombeiros de Caraguatatuba e São Sebastião, no Litoral Norte. Ela, que ficou em primeiro lugar no curso de Bombeiros Oficiais, deixa o Grupamento de Bombeiros Marítimo (GBMar) de Caraguatatuba para atuar na área de incêndio e salvamento terrestre, sob o comando do capitão Newton Krüger, comandante do Litoral Norte. A região conta hoje com quase 80 bombeiros.

Já no comando da Estação de Bombeiros de Caraguatatuba e acumulando o comando da Estação de Bombeiros de São Sebastião, a Tenente Érica é responsável direta por aproximadamente 40 homens. Porém, operacionalmente, em ocorrências de gravidade em que é acionada, ela comanda também as equipes de Ubatuba e Ilhabela. “Por isso, é necessário frequentemente estar em treinamento com essas equipes também”, explica.

Do mar para a terra

A tenente começou sua carreira na temporada 2009/10 como Guarda-Vidas Temporária (GVT). Em 2010 prestou serviço como Soldado Temporária no 11° Grupamento de Bombeiros e já em 2011 entrou na Academia de Polícia Militar do Barro Branco.

“Me sinto, além de lisonjeada, muito realizada, pois eu conheci o militarismo sendo Guarda-Vidas Temporário, com a parceria da Prefeitura de Caraguatatuba na contratação de civis que são treinados pelo bombeiros militares, que existe até hoje”, emociona-se. “Além disso, eu iniciei minha carreira no militarismo servindo como soldado temporário no Quartel de Bombeiros de Caraguatatuba em 2010, onde tive muito apoio para ingressar na Academia de Polícia Militar do Barro Branco e isso se tornou um sonho”. E completa: “Hoje, 11 anos depois, tenho a oportunidade de comandar as equipes de bombeiros da cidade, motivo de orgulho para minha família que reside aqui e sempre me acompanhou”.

A militar conta que a rotina no Grupamento de Bombeiros e do GBMar são bem diferentes. “No GBMar o efetivo não fica aquartelado”, ela explica. Os bombeiros guarda-vidas, após a instrução diária pela manhã deslocam-se aos seus setores/praia de atuação. As instalações são bem menores e menos estruturadas por necessitar comportar apenas um bombeiro guarda-vidas pelo período de 12h, pois o serviço não ocorre no período noturno, sem a necessidade de pernoite.

“Já no serviço de incêndio e salvamento, o efetivo tem toda a rotina diária desempenhada dentro do quartel (aquartelado), saindo somente quando há necessidade de atendimento, sendo o serviço diuturno, ou seja, 24h de prontidão”.

Amor antigo

Na família da tenente não há outros militares. “Eu nunca frequentei quarteis, assim como nunca estive envolvida neste mundo, mas aos 14 anos de idade realizei um salvamento junto com meu irmão”, lembra. “Nós estávamos brincando de pegar areia no fundo da Lagoa Azul e encontramos um senhor que havia se afogado. Desde então eu criei uma admiração e isso despertou meu interesse pela profissão”.

Em 2009, seu pai sofreu um acidente em São Paulo, quando caiu sentado de uma laje de aproximadamente cinco metros de altura. “Na ocasião, a Unidade de Resgate do Corpo de Bombeiros o socorreu utilizando todas as técnicas de imobilização. Graças a isso, os médicos disseram que ele poderia voltar a andar, pois fraturou a coluna”, recorda-se. “Hoje ele ainda tem dois pinos na coluna, mas recuperou todos os movimentos após as cirurgias”.

Mulher no comando

Sobre ser uma mulher comandando pelo menos 40 homens, ela não se intimida. “Eu não me vejo como mulher quando estou no quartel ou em serviço, eu me vejo como uma profissional bombeira igual a eles”. E alinhava: “Eu me exijo a fazer tudo o que eles fazem profissionalmente, ainda mais sendo comandante”. Esse pensamento, segundo ela, “ajuda a nunca entrar numa zona de conforto e estar sempre treinando”.

Com relação à responsabilidade pelo comando, Érica conta que no Curso de Bombeiros Oficiais teve excelentes exemplos profissionais. “Aprendi com os anos que estive trabalhando em São Paulo que comandar uma tropa de bombeiros significa tomar decisões em conjunto”. E conclui: “A palavra de um líder pode até conduzir a tropa, mas o exemplo dele com certeza irá arrastá-la”.