Depois do fenômeno da maré vermelha, que deixou mariscos contaminados em Ubatuba, técnicos da Coordenadoria de Defesa Agropecuária do Estado de São Paulo (CDA), realizaram a coleta de amostras de água, carne de mexilhão e fitoplâncton para análise. Várias pessoas passaram mal ao comer mariscos e a extração, assim como a venda dos moluscos bivalves, foi suspensa na primeira quinzena de março.
Durante a coleta, os técnicos do CDA foram acompanhados pelo diretor de gestão de meios produtivos da Secretaria de Agricultura e Pesca de Ubatuba, Leonardo Moraes, na última terça-feira (29).
Segundo a pasta, o objetivo da ação foi recolher o material, que passará por teste em um laboratório especializado em Santa Catarina. Foi realizada a coleta de seis quilos de mexilhões na praia da Barra Seca, com apoio da comunidade e dos maricultores que produzem no local.
Os mariscos coletados, limpos e embalados serão enviados por avião, seguindo os protocolos exigidos. Já as amostras de água e fitoplâncton chegaram frescas no mesmo dia no laboratório. A previsão é de emissão de laudo em até 15 dias.
“A cidade aguarda o resultado dessa análise para saber quais serão os próximos passos. Caso não se constate a presença de algas tóxicas na análise de carne dos mexilhões, a comercialização volta; caso ainda haja a presença da substância, o comércio continua suspenso até que a gente tenha duas análises negativas”, explicou Moraes.
O acontecimento natural ocorre devido à aglomeração em consequência da proliferação de microalgas tóxicas, que causam efeito na coloração da água, tornando- a vermelha ou marrom em regiões marinhas. Esta grande concentração de microalgas é potencialmente tóxica, de acordo com a Cetesb.
O diretor explicou ainda que o fenômeno ocorre no mar quando tem excesso de nutrientes e condições ambientais favoráveis. A reprodução desenfreada de microalgas, vistas apenas por microscópio, algumas delas tóxicas, provoca riscos à saúde..
“Geralmente formam uma mancha vermelha no mar, mas desta vez isso não ocorreu e foi difícil identificar, mesmo com monitoramento constante”, pontuou Moraes.
Para ele, uma das explicações para o fenômeno pode ter sido o excesso de pessoas no litoral, com a temporada de verão e o último feriado de Carnaval. O aumento sazonal da população resulta em mais esgoto no mar, que por sua vez aumenta os nutrientes na água, podendo ocasionar nesse boom de microalgas.