Peregrinos percorreram aproximadamente 80 km e, após quatro dias e três noites, os 18 moradores do município de Salesópolis chegaram em São Sebastião no último domingo (30) em mais uma edição da Caminhada da Fé. Na ação, os fiéis refazem o trajeto do Padre Dória para chegar ao Litoral Norte.
A fascinante peregrinação acontece pela Estrada do Rio Pardo, que liga os municípios de Salesópolis a São Sebastião, no coração da Mata Atlântica.
O objetivo da Caminhada da Fé é regatar os passos do Padre Dória pela Serra do Mar, realizado pelo religioso no século XIX. Historiadores regionais apontam o padre como o benemérito civilizador da região onde se situa o Núcleo, sendo sua maior obra a construção da estrada que então ligava São Sebastião a São José do Paraitinga, atual estrada do Rio Pardo que passa pelos Núcleos Padre Dória, Caraguatatuba e São Sebastião.
No roteiro, os peregrinos passam pela Fazenda Santana, importante engenho de açúcar do século XVIII, com arquitetura colonial e tombada pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico – Condephaat, localizada no bairro Pontal da Cruz. A Fazenda é considerada também um ponto de apoio e parte da rota.
“Recebemos os romeiros em todas as edições da Caminhada da Fé. Depois de muitos estudos, comprovaram que a Fazenda Santana é considerada um ponto final de uma das rotas do Padre Dória, sendo na época uma das alternativas para terem acesso ao litoral. É importante esse fato devido a criação de mais um produto de ecoturismo para a cidade, a partir das histórias das rotas antigas.”, afirma Fernando Nelson do Rego, representante dos proprietários da Fazenda Santana e do Instituto EducaBrasil, ONG que atua no projeto da Rota Doria, junto ao Instituto Lar Terra.
Representando o Núcleo Padre Doria do Parque Estadual Serra do Mar, a gestora Ana Lucia Wuo destacou a importância desse projeto. “Queremos resgatar os conhecimentos do Padre, que tinha uma visão futurista na época de levar o desenvolvimento de São Sebastião através do planalto da Serra do Mar. O projeto também fomenta e promove a busca da identidade desses traçados de antigas trilhas indígenas da serra do mar do período colonial, contribuindo para a cultura, a religião e o ecoturismo da cidade”.