Dois meses depois do retorno das aulas presenciais nas escolas municipais de São Sebastião, alunos com necessidades especiais ainda aguardam professores de apoio. Em razão da falta desses profissionais na escola Nair Ribeiro, em Juquehy, a filha de Priscila Dias não está frequentando as aulas.
“Não vou deixar minha filha na mão de alguém sem especialização para lidar com pessoas especiais”, justificou Priscila. A filha, de 10 anos, tem atraso global de desenvolvimento.
Mães de alunos autistas relatam problema semelhante. “Remanejaram uma professora gestante, sem experiência, para ficar com meu filho. Ele é muito agitado; corre e pula muito. A professora não tem nenhuma condição de acompanhá-lo”, conta Pamela Santana, do Canto do Mar.
Sem atendimento adequado, o menino fica menos de duas horas na escola. “Isso quando a professora não tem pré-natal nesse horário e ele precisa faltar”, disse Pamela.
O filho de Maristela dos Santos também estava sem apoio. Nesta quinta-feira (7), ela foi informada sobre a contratação de um profissional, a partir do dia 18. “É um direito dele que não estava sendo cumprido”, comentou Maristela.
Outras mães contaram ao Nova Imprensa que os filhos começaram a ter o atendimento somente na segunda quinzena de setembro. “Todo ano é uma briga para conseguir chegar os professores de apoio. Demora para chamar esses profissionais”, publicou uma mãe.
O problema foi levado ao conhecimento dos vereadores pela presidente da Associação Integra, que atende pessoas com autismo. “Quando as aulas voltam, até contratar apoio escolar é uma grande dificuldade que as famílias têm. E a gente não está falando de cuidador, mas sim de profissional que tenha formação para atender às necessidades”, ressaltou Danubia Morais, na tribuna da Câmara.
Na semana seguinte, os vereadores aprovaram dois requerimentos solicitando informações à Secretaria de Educação. A aprovação dos requerimentos completa um mês nesta sexta (8), ainda sem respostas.
A reportagem também não obteve respostas aos questionamentos enviados à Prefeitura, sobre o número de alunos que estão sem professor de apoio e as providências para suprir a demanda.