Indígenas mantêm biólogos em cárcere privado em Ubatuba

Indígenas da aldeia “ti renascer ywyty guaçu” mantiveram biólogos em cárcere privado, no Pico do Corcovado, em Ubatuba, segundo informações da Polícia Ambiental. Na tarde desta quarta-feira (29), dois pesquisadores e um monitor foram resgatados. Os índios alegam que o Parque Estadual está liberando um número muito grande de turistas na área, o que causa fortes impactos ambientais e culturais.

De acordo com os policiais, alguns índios portavam instrumentos de caça, tais como arcos e flechas, “aparentando estarem aptos ao confronto, porém, as equipes conseguiram acalmar o ânimo, solicitando que relatassem o que estaria ocorrendo em suas terras”.

No primeiro momento, eles negaram estar com os pesquisadores. No entanto, depois de longa negociação, a Ambiental entrou no interior da tribo acompanhada de um filho do cacique e encontrou uma mulher de 31 anos e dois homens, de 26 e de 40 anos. A equipe afirmou que eles pareciam cansados, assustados, porém preferiram não relatar o ocorrido naquele momento.

Enquanto saíam da tribo, contaram aos policiais que foi “assustador e que temiam pelas suas vidas’. E informaram que dois índios portavam armas de fogo de calibre longo e que “havia registro através de gravações feitas por telefone celular”.

Diante dos relatos das vítimas, a Ambiental fez buscas nas imediações, mas não encontrou armamentos de fogo, “apenas instrumentos de caça pertencentes a cultura indígena”.

A insatisfação dos indígenas

A equipe chegou ao local por solicitação da gestora do Parque Estadual para averiguar a situação. No local, o policiamento ambiental vistoriou a área e entorno da tribo e conversou com o representante da aldeia, que se apresentou com filho do cacique.

Ele informou que a comunidade indígena havia encaminhado um ofício ao Ministério Público, direcionada à procuradoria federal, solicitando providências para impedir construções na área do Pico do Corcovado. E ainda que haja controle de acesso de turistas, pois as vistas geram impacto ao meio ambiente, assim como na cultura tradicional local.

A comunidade indígena está descontente com as políticas de gestão do parque, que libera um número elevado de turistas para a trilha que passa pela tribo. O problema, segundo os índios, é que o fluxo de pessoas causa degradação ambiental e prejudica a produção de matérias primas dos artesanatos da cultura indígena. Além disso, a tribo reclama do lixo deixado pelos turistas e guias no caminho da trilha.

cárcere privado

Eles também discordam das autoridades locais sobre a construção de melhorias no acesso ao Pico, assim como na área que, segundo eles, é terra indígena e não houve consulta sobre a obra.

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