Retomada da economia do Litoral Norte traz saldo positivo de empregos

Dados divulgados pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) apontam que o Litoral Norte criou 2.269 vagas de emprego registradas somente no mês de maio. Foram 1.736 demissões demissões no período, com saldo positivo de 533 postos de trabalho.

As cidades que mais contrataram foram Caraguatatuba, com a abertura de 933 oportunidades, e São Sebastião, que registrou 542 empregos de carteira assinada.

Ainda segundo o estudo, Caraguatatuba, além de ter um índice maior de contratação, também foi o município que mais demitiu, com o fechamento de 604 vagas. Nesse quesito, Ubatuba ficou em segundo, com 513 demissões, sendo a cidade com maior saldo negativo entre os quatro municípios da região, com um déficit de 416 postos no acumulado do ano.

De acordo com o economista e professor do Centro Universitário Módulo e FASS, Edson Trajano, esse resultado positivo das contratações está diretamente ligado a dois fatores do momento da pandemia. “O primeiro devido às mudanças no plano São Paulo, que permitiu a abertura dos estabelecimentos por um tempo maior, e, com isso, as atividades que fornecem serviço tiveram mais oportunidades, o que automaticamente gerou mais emprego para a região. Já o segundo fator é a questão da vacinação, que no primeiro momento estava muito lenta e no mês de maio e junho teve um avanço considerável, refletindo em uma maior confiança na economia”, pondera.

Sazonalidade

Ainda segundo o estudo do Caged, apesar da retomada do emprego, a média anual ainda é negativa em relação ao ano passado, com 516 contratações a menos.

Edson Trajano sinaliza que é comum essa variação de emprego nas cidades do Litoral em função da sazonalidade, ou seja, se um município está em alta ou baixa temporada. Outro fator que tem interferido bastante no mercado de trabalho e economia da região é a pandemia, segundo o especialista.

O cenário instável de empregos e economia sempre foi um desafio na baixa temporada no Litoral Norte, e nesses quase dois anos se intensificou diante do período de pandemia e isolamento social. Entretanto, a região tem como carro-chefe a época de alta temporada, que, normalmente, lota com turistas no verão, o que deve repercutir em uma melhora econômica na retomada.

“Para manter a economia local aquecida, mesmo com o fator sazonalidade, as prefeituras costumavam trabalhar bastante algumas estratégias de geração de emprego e renda a partir dos festivais gastronômico e shows, que acontecem na cidade em período de baixa temporada. Mas com as medidas de combate ao Covid-19 ficou impossível organizar as atividades culturais como forma de atração turística para rodar a economia regional e gerar empregos”, contextualiza Edson.

Por fim, o docente ressalta que o Litoral Norte tem uma vantagem competitiva por ter proximidade com os grandes centros urbanos como São Paulo. “As viagens internacionais continuarão mais difíceis pós-pandemia, mas as locais tendem a ser cada vez mais intensificada, e, portanto, teremos o crescimento do turismo interno no primeiro momento e as cidades do Litoral Norte podem ser muito beneficiadas com esse processo”, conclui.

Fim da quarentena

Nesta última semana, o governo de São Paulo anunciou o fim das restrições e a flexibilização do Plano SP, que acaba com a limitação de horário e ocupação nos estabelecimentos. Para a professora e economista Tcharla Bragantin, o avanço econômico se interliga a novas oportunidades de emprego. Portanto, a flexibilização não deve beneficiar somente empresas, mas os moradores da região litorânea.

A professora ressalta que neste primeiro momento, a abertura geral poderá trazer grandes benefícios, e entre os principais está a retomada do emprego. “Muitas pessoas perderam seu serviço nesses últimos meses de pandemia e esse retorno certamente faz com que os empresários tenham que reestruturar novamente sua gestão para atender essa demanda reprimida e, consequentemente, gerar novas oportunidades de trabalho”, diz.

Já o professor Edson Trajano aponta que a partir de agora, com uma parcela maior da população vacinada e a abertura total dos comércios, a região já começa a planejar o processo de recuperação para um cenário pós-pandemia. “É hora de fazer um planejamento mais adequado para a população local, e a melhor articulação para o Litoral Norte é pensar na economia criativa, focada na cultura e gastronomia, e, talvez, o turismo de aventura possa nos ajudar na geração de emprego e renda na baixa temporada nos próximos anos”, aponta o docente.

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