Moradores recebem correspondências com 4 meses de atraso em Caraguatatuba

Moradores de Caraguatatuba receberam no último final de semana, correspondências com atraso de até quatro meses desde a postagem. Entre os recebimentos, boletos vencidos, multas com prazos expirados e encomendas de produtos.

“Há pouco mais de um mês, uma pessoa dos Correios veio em casa para perguntar se eu havia recebido uma encomenda de camiseta comprada em loja online. Confirmei que sim e achei estranho. Neste final de semana recebi mais de dez correspondências, todas antigas”, informou Julia Silva. “Imagino a desorganização que deve estar lá dentro”, completou indignada.

O Nova Imprensa recebeu outras mensagens de leitores que se diziam revoltados com o serviço prestado pela empresa. “Recebi no começo da noite da sexta-feira (27) duas multas de trânsito, uma de março e outra de abril e nem posso recorrer mais”, disse um leitor que não quis se identificar.

Entre as correspondências que recebeu acumuladas no final de semana, Fabiana Assis se surpreendeu com o diploma que aguardava desde o mês de abril. “Já até paguei a segunda via dele, era urgente e importante para que eu conseguisse me efetivar na empresa. E não foi barato, fui lesada pelos Correios”.

O leitor que se identificou apenas como Antônio, disse que os boletos já havia pago online, mas havia uma correspondência postada pelo Google em abril, que era importante para sua empresa. “Eles mandaram um código pelo correio que eu deveria ter recebido em 10 dias no máximo e o código expirou”.

Os Correios lamentam o ocorrido

A Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos, procurada pelo Nova Imprensa, disse lamentar eventuais transtornos e informou que em razão dos protocolos adotados na pandemia de Covid-19, em prol da segurança de empregados, fornecedores e clientes, podem ocorrer alterações nos serviços prestados. Ressaltou, porém, que a rotina de entrega permanece sendo executada.

No intuito de minimizar os impactos aos clientes e otimizar o atendimento e as operações de distribuição, os Correios estão adotando diversas medidas, tais como o remanejamento de empregados de outras unidades, a contratação de mão de obra terceirizada e a realização de horas extras e plantões aos fins de semana. Com essas ações, as entregas na cidade de Caraguatatuba já foram regularizadas.

A empresa pode ser acionada pelos telefones 3003-0100 (capitais e regiões metropolitanas) e 0800 725 7282 (demais localidades), ou pelo site https://apps2.correios.com.br/faleconosco/app/index.php.

É possível ainda registrar uma reclamação aqui em Reclamação selecione > Entrega Domiciliar > Ausência de Entrega Regular > Atrasos na Distribuição.

Possibilidade de reparação e indenização

Receber a multa e notificação de multa em casa após muito tempo da data de autuação está se tornando uma surpresa nada agradável para muitos, é o que garante a advogada Raquel de Jesus Trindade. Porém, existe a possibilidade de abrir uma ação judicial com pedido indenizatório.

“A questão é que, em casos de pedido indenizatório por dano moral, não pode ter havido apenas um aborrecimento à pessoa, mas também algum tipo de lesão”, pontua. “Algumas vezes, inclusive, a perda por exceder a pontuação e isso seria um motivo que não se enquadra em apenas um dissabor cotidiano”, explicou a advogada.

Quanto a provar a data de entrega, Raquel explica que existe a possibilidade, prevista em lei, do juiz deferir a inversão do ônus da prova no processo e, assim, os Correios teriam que provar que a correspondência foi enviada a tempo.

Ela esclarece ainda que é sempre bom se munir com noticiários, de TV, jornais, internet sobre a questão, quando começam a circular várias notícias de reclamações sobre a falha e a demora nas entregas de correspondências.

Quando o cidadão se sente lesado, ele tem o direito a ter reparação do dano. “No artigo 5, inciso X da Constituição, diz que são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação, então todos temos o direito a reparação por dano moral e material”, conclui a advogada.

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