Os motoristas da Ecobus, empresa de transporte de ônibus urbano de São Sebastião, entraram em greve, mais uma vez, neste ano. O motivo é o atraso no pagamento do salário de outubro que deveria estar na conta no quinto dia útil e, no mais tardar, até o dia 10.
De acordo com Francisco Israel, presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rodoviários Urbanos, Cargas e Anexos do Litoral Norte (Strucca), pela manhã quase toda a frota parou. “Agora à tarde estamos com 80% dos ônibus circulando, aguardando posicionamento da empresa”.
Com as proximidades das eleições municipais, no próximo domingo (15), Israel garantiu que haverá transporte para a população mesmo se não receberem até sexta-feira.
“Paramos com pouco percentual nesta semana, pensando em quem precisa do transporte público, mas para o após eleições não podemos garantir que todos os motoristas retornem às atividades caso não recebem o salário atrasado”.
O jurídico da empresa não fala em greve, explica que o atraso de pagamento é de um dia e que aguarda o pagamento de uma nota de R$ 29 mil da Prefeitura referente ao transporte de deficientes para fazer o pagamento total. “A nota foi protocolada no último dia 5 e ainda não recebemos”, diz Lucas Campos, advogado da Ecobus.
Entrave Ecobus e Prefeitura
Há um entrave político entre a Ecobus e a Prefeitura de São Sebastião que quer romper o contrato com a empresa. Em outubro a Ecobus conseguiu na justiça liminar que permite que continue atuando na cidade. Por outro lado, a prefeitura tenta derrubar o documento e colocar outra empresa para operar na cidade.
Segundo o advogado da Ecobus, desde o início da pandemia da Covid-19 houve uma queda de 85% na receita da empresa. “A Prefeitura também retirou subsídio que repassava para a Ecobus, em maio, e ainda não retornou”.
Em relação ao passe escolar, Lucas Campos fala em queda de 50% com o fechamento das escolas e ainda a prefeitura parou de comprar vale transporte para os trabalhadores que somavam R$ 110 mil à empresa.
“Vivemos um clima onde a administração fala em rescisão de contrato e tivemos de recorrer à justiça. Tiveram um período de quatro anos e agora vieram com essas ameaças e não havia motivos para fazer como foi feito”, reforçou.
Campos ainda frisou que o próprio contrato prevê formas de rescisões. “Pergunta quantas penalidades foram aplicadas contra a empresa. Nenhuma!”.
Mesmo sem receber para transportar passageiros com deficiência física, o advogado ressaltou que esse serviço não será bloqueado.
Em nota, a Prefeitura de São Sebastião informou que tem conhecimento, ainda que extraoficialmente, da paralisação parcial de funcionários da empresa Ecobus que, “estranhamente, atinge apenas a Costa Sul, causando uma série de problemas à população. Todas as medidas cabíveis serão tomadas”.
A administração municipal lembra, ainda, que notificou a Ecobus para que realizasse o pagamento de salários na terça-feira (10) e reforça que continua empenhada na solução definitiva desta questão, que respeita, mas não concorda com a decisão do Tribunal de Justiça que mantém a empresa operando no município.