Em entrevista exclusiva ao Nova Imprensa, policiais da Delegacia de Caraguatatuba e o delegado Tadeu Ricardo de Castro disseram, nesta quarta-feira (8/1), que as investigações apontam que a criança D.J.F.F., 2 anos, internada na Casa de Saúde Stella Maris, não foi espancada pelo padrasto.
O pedreiro Adilson Ferreira Pinto, 35 anos, contou ao Nova Imprensa, que no dia do acidente, 4 de janeiro, ele estava cuidando de seus quatro filhos em casa, no bairro Massaguaçu, regiã norte da cidade, e também do filho da namorada, que mora um andar abaixo do seu, mas no momento trabalhava fora.
Segundo ele, todos os finais de semana fica com seus filhos, com idades entre 4 e 15 anos. Duas testemunhas, vizinhas de Adilson, reforçaram que ele sempre foi um bom pai. “Ele já cuidou muitas vezes do meu filho, sempre foi um ótimo pai”, disse uma delas.
Ele namora há quatro meses com a mãe da criança, D.I.F.S., e cuidou de seu filho D.J.F.F. para que pudesse trabalhar, já que voltava tarde para casa e era um emprego novo.
Adilson afirma que cuidou do menino na sexta-feira (3) e a mãe o deixou aos seus cuidados novamente no sábado (4). “Ele passou o dia bem, mas quando escureceu começou a ficar ansioso pela chegada da mãe. ´Toda vez que o cachorro latia, o menino se dirigia até a porta”, conta.
O padrasto explicou que deu banho na criança, colocou fralda e o deixou deitadinho no sofá, enquanto secava o banheiro. Foi quando ouviu um barulho alto e o choro da criança.
Adilson correu para ver e encontrou a criança caída na parte de baIxo da escada, sem se mexer, “meio torcido de lado”.
“Peguei ele no colo, levei para casa, lavei seu rosto com água e fiz compressa com gelo porque sua testa estava começando a ficar inchada”. O pedreiro disse que entre uma e duas horas depois da queda, chegou na casa o irmão de criação de sua namorada, que dividia aluguel com eles.
“Eu falei para ele que o menino tinha levado um tombo grave da escada. Mas que a mãe não havia deixado os documentos dele para poder levar ao Pronto Socorro. Ele então disse que era melhor deixar a mãe chegar do trabalho para levá-lo, caso precisasse”.
Algum tempo depois, a criança tomou mamadeira e começou a cochilar. Adilson pensou que fosse por causa do alimento e deixou o menino dormir no sofá, levando para o colchão do quarto em seguida.
Quando a mãe chegou, ele explicou a situação e “ela levou o menino para a casa de sua mãe, que me acusou injustamente de ter espancado a criança, fez as fotos e as postagens nas redes sociais. Só então levaram ao hospital”.
O pedreiro diz ter recebido ameaças de morte e de linchamento por causa da postagem. “Em momento algum meu filho saiu da casa dele ou ficou foragido”, disse a mãe do pedreiro. “Tanto que domingo fiquei em casa o dia todo, trabalhei segunda, ontem eu vim sozinho para a delegacia”, complementou ele.
Vanessa Anicelânia da Silva, de 28 anos, auxiliar de serviços gerais, que foi casada com Adilson por aproximadamente 12 anos e com ele teve quatro filhos, fez questão de ir à delegacia para confirmar a inocência do ex-marido.
“Ele é um excelente pai, não tenho nada que reclamar dele, deixo minha filha caçula com ele desde bebê, nunca me deixou dar surra nos meus filhos. Ele dá comida na hora certa, casa limpa, crianças arrumadas. Ele cuida muito melhor do que eu. A vida dele corre o risco e dos meus filhos também. Por isso queremos Justiça”.
Nas postagens nas redes sociais, citava-se uma marca de chinelo no rosto da criança, porém, a Polícia Civil comparou o chinelo do homem com a marca e descartou a hipótese da agressão; que havia sinais de arrastamento no corpo do bebê compatíveis com a queda da escada; e que apenas com o passar das horas aparecem os edemas, por isso ele não soube detectar que era grave o tombo da criança.
Em depoimento, D. contou que deixava o filho com Adilson aos finais de semana para trabalhar, mas que não sabe dizer se o seu filho teria sido ou não agredido fisicamente, já que seu namorado não tem nenhum ‘histórico de agressão’.
Internado
O menino encontra-se internado na UTI da Casa de Saúde Stella Maris, segundo o delegado Dr Tadeu, a lesão na cabeça foi grave, um traumatismo craniano importante.
O processo e a investigação continuam, no sentido de saber se houve algum tipo de descuido por parte do pedreiro, porém, a hipótese de violência foi descartada.
Por volta das 17h45 desta quarta-feira, Adilson foi liberado em companhia da mãe, da ex-mulher e amigos.