Doze pessoas recebem órgãos de vítima de AVC em Caraguatatuba

Doze pacientes que aguardavam transplantes receberam órgãos doados pela família de um homem de 51 anos, Acácio Pereira Servano, morador de Caraguatatuba, vitimado neste sábado (12) por um acidente vascular cerebral isquêmico (AVCI).

As pessoas beneficiadas receberão seus dois rins, duas córneas e oito partes das escleras. As córneas e escleras seguiram para o Banco de Olhos do Hospital São Paulo; os rins foram extraídos pelo Hospital do Rim, também pertencente ao Hospital São Paulo, ambos responsáveis pelo atendimento ao Litoral Norte.

Vinícius Acácio de Campos Servano, de 22 anos, filho do doador e quem autorizou a doação, conta que seu pai não havia conversado diretamente com a família sobre o assunto, “mas ele sempre fez o bem sem olhar a quem e com certeza seria a vontade dele”.

Segundo ele, seu pai sofreu o AVCI em casa, no dia 5 de outubro, sendo levado para o pronto socorro da Casa de Saúde Stella Maris, onde ficou internado na UTI por sete dias.
A morte encefálica foi diagnosticada na última sexta-feira (11) e uma equipe da Organização de Procura de Órgãos da Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo se deslocou até o hospital para conversar com os familiares.

O doador

“Meu pai veio de Minas Gerais, conheceu minha mãe aqui em Caraguá quando veio trabalhar por aqui. Sempre foi um homem honesto e bondoso, ajudando sempre o próximo com tudo que podia. Começou a vida cortando cana e já trabalhou de tudo”, conta Vinicius.

“Era um pai tão bom que meus primos e amigos praticamente o consideravam um pai também, muito brincalhão, sempre rindo. Até comentamos em seu velório que agora não o teríamos mais para fazer as piadas em momentos tristes e reanimar o pessoal. Trabalhou a vida toda pelo bem dos filhos, ele não pôde terminar os estudos, mas fez de tudo para que eu e minha irmã terminássemos. Ele foi um grande homem, um bom pai, um bom amigo”.

“Quando ele estava na UTI a gente sofreu demais a angústia de não saber se ele voltaria ou não. Fazer a doação e poder ajudar outras famílias que também está com alguém que ama internado e sentindo o que estávamos sentindo nos motivou a doar”, conclui o jovem.

Um funcionário do hospital se manifestou sobre a atitude da família: “grandiosamente nesse momento da morte, da dor, da perda do seu familiar, decidiram pela doação múltipla de órgãos. Esse doador será um herói na vida de 12 pessoas”.

A fila de espera no Estado de São Paulo

Segundo dados da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO), a fila para transplante de córnea é de 2,4 mil pacientes e 15 mil aguardam por um rim, fígado, coração ou pâncreas. Desses, mais de 450 pacientes são crianças. Em média, por ano, 342 pessoas morrem antes de conseguir um órgão, dentre elas, nove crianças.

Salvar vidas

Para doar órgãos e tecidos, não há necessidade de qualquer documento ou registro, apenas autorização da família. Um médico conduz os exames que dão o diagnóstico de morte encefálica. Esses exames são baseados em sólidas e reconhecidas normas médicas, explica a ABTO, que entre outras coisas incluem um exame clínico para mostrar que o ente querido não tem mais reflexos cerebrais e não pode mais respirar por si próprio. Em muitos casos, os testes são duas vezes realizados, com intervalo de diversas horas, para assegurar um resultado exato.

Adicionalmente, outro teste pode incluir o exame do fluxo sanguíneo (angiograma cerebral) ou um eletroencefalograma. Esses testes são feitos para confirmar ausência do fluxo sanguíneo ou da atividade cerebral.

Esses testes medem a atividade cerebral. Possivelmente, o paciente pode apresentar atividades ou reflexos espinhais, como um movimento ou uma contração muscular. Reflexos espinhais são causados por impulsos elétricos que permanecem na coluna vertebral. Estes reflexos são possíveis, mesmo que o cérebro esteja morto.

Mais informações acesse: www.abto.org.br.

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