Ministro diz não entender falta de saneamento em Ilhabela

Em visita oficial a Ilhabela na tarde desta sexta-feira (22), o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, disse não entender a falta de saneamento básico no arquipélago, já que a cidade é uma das maiores beneficiadas com o dinheiro proveniente da exploração de petróleo no Brasil. “Não sei por que nada foi feito até agora sendo a ilha uma das mais ricas em royalties”, afirmou ele. Para explicar a crise de balneabilidade enfrentada pelo município, que ficou mais de 15 dias com todas as praias impróprias no verão, o ministro apontou causas, como a população que joga lixo no mar, falta de investimentos públicos e “picuinhas políticas”.

Frequentador do arquipélago há anos, Salles conta que acompanhou a falta de prioridade de investimentos em saneamento, nos últimos anos, com “incorreta aplicação de recursos públicos em equipamentos questionáveis, como desapropriações e esculturas”.

Ele afirmou ainda que nunca viu a cidade ficar tanto tempo com todas as bandeiras vermelhas. Ele ressaltou, inclusive, o prejuízo que a rede hoteleira teria tido com cancelamentos de reservas por conta da falta de condições para banho no mar.

O ministro, que também é advogado, fez menção aos recentes desentendimentos entre o poder Executivo e o Legislativo. “Ficou acertado que a Sabesp entregaria os projetos necessários, a Cetesb agilizaria os licenciamentos ambientais, a Prefeitura faria investimentos e a Câmara aprovaria os projetos de lei”, enfatizou Salles, que ainda ressaltou que as três primeiras iniciativas já foram concluídas. “Temos que deixar as picuinhas políticas de lado, essa visão atrasada. Vamos unir esforços pelo bem coletivo”.

O ministro também enfatizou a responsabilidade da população, que segundo ele, precisa se conscientizar em relação a destinação do lixo. “As pessoas precisam cuidar deste paraíso”, afirmou ele.

Saída

Salles prometeu a criação de uma força-tarefa junto a Cetesb, Sabesp e Prefeitura para garantir a universalização dos serviços de saneamento no prazo de dois anos. “Como diz o presidente Bolsonaro, nosso governo é de pouco discurso, então vamos agir”, garantiu ele.

O evento marcou o lançamento do Plano de Combate ao Lixo no Mar. A iniciativa destaca Pesquisa e a Educação para a redução e erradicação do fluxo de resíduos no ambiente marinho e está dividida em 30 ações de curto, médio e longo prazo. Entre as ações, está previsto um projeto piloto para instalação de dispositivos de retenção, como redes coletoras em galerias pluviais e barreiras flutuantes em rios e afluentes; mutirões para a limpeza de praias e mangues; estímulo à coleta seletiva e logística reversa nos municípios costeiros; fomento a projetos de inovação tecnológica para aproveitamento do plástico recolhido do ambiente marinho.

Esgoto

Durante o evento, o prefeito de Ilhabela, Marcio Tenorio, prometeu novos investimentos em saneamento básico. De acordo com o chefe do Executivo, a administração iniciará em breve a obra de 24 Km de rede coletora de esgoto, no trecho entre Julião e Veloso, que com os oito quilômetros já realizados, entre o Piúva e Ilhote, totalizará 32 Km de rede no Sul da ilha. A cidade também terá quatro novas estações de tratamento de esgoto e 39 unidades elevatórias. Em relação a água, a Prefeitura vai ampliar em seis vezes a captação, reservação e distribuição, quatro milhões para 14 milhões de litros de água.

“Essas iniciativas fazem parte de uma série de ações, que representam o maior investimento da história de Ilhabela. São mais de R$160 milhões nos próximos anos, com recursos próprios, em busca da universalização do saneamento em Ilhabela”, ressaltou Tenório.

O encontro também contou com a presença do secretário estadual de Infraestrutura e Meio Ambiente de São Paulo, Marcos Penido, o comandante do 8º Distrito Naval Vice-Almirante, Claudio Henrique Mello de Almeida; o diretor presidente da Sabesp, Benedito Braga; a diretora presidente da Cetesb, Patrícia Iglecias; os prefeitos do Litoral Norte, Felipe Augusto (São Sebastião), Aguilar Junior (Caraguatatuba), Délcio Sato (Ubatuba); a secretária de Meio Ambiente de Ilhabela, Salete Magalhães e outras autoridades federais, estaduais e municipais.

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