Com o plenário lotado por representantes das comunidades da Vila Barreira, Nova Barreirinha e também do Piavú, localizadas em Cambury, Costa Sul de São Sebastião, a primeira sessão do Legislativo, após o recesso parlamentar, foi marcada por manifestação dos moradores contra as ações de demolições de residências em vários núcleos habitacionais.
O presidente da Câmara, José Reis, destacou a importância da união das comunidades na luta pelo direito à moradia e interrompeu a sessão abrindo espaço para que os representantes dos moradores pudessem se manifestar sobre os atos de demolição por parte da administração, uma vez que estão previstas mais de 300 em todo o município.
O problema foi tema de quatro requerimentos, aprovados na sessão, que tratam de questões sobre Regularização Fundiária, explicações sobre processo de demolições e a necessidade de programas habitacionais.
O vereador Wagner Teixeira pediu informações ao Executivo quanto às demolições de casas na Costa Sul, assim como o colega André Pierobon que abordou, ainda, esclarecimentos sobre a regularização fundiária, programas de habitação social e aluguel social, além das ordens de demolição.
O vereador Giovani dos Santos indagou a Prefeitura sobre os processos de regularização fundiária, especificamente nas comunidades da Vila Barreira e Nova Barreirinha, Piavú, Areião, Lobo Guará, Vila Débora e Sertão do Cacau, todas em Cambury. Já, o vereador Ercílio de Souza pediu informações sobre programas habitacionais estaduais e federais voltados ao atendimento exclusivo da população de baixa renda.
Demolições X direitos
Representantes das comunidades afetadas se manifestaram pelo direito a continuar em suas casas. “A gente quer a regularização fundiária das nossas áreas. A gente não quer casa popular, a gente quer nossas moradias”, disse Ricardo.
Como ele, outros moradores, inclusive do Piavú, reclamaram da falta de projeto de moradia popular e temem as ações de demolição em 24 horas, alegando que não receberam documentação oficial.
Moradora há 10 anos na Barreirinha, Lucineide Bonfim, afirmou que a população está cansada de promessa. “Já passaram muitos prefeitos e nada foi feito. Não queremos que derrubem nossas casas. Somos pais de família, mães, todo mundo trabalha. Ninguém invadiu nada. Todo mundo está lá porque comprou. Vamos defender nosso direito quantas vezes for preciso”.
O morador Valdibio de Jesus, ao comentar sobre as mais de 300 demolições previstas, lembrou que em cada família são, no mínimo, cinco pessoas, ou seja, 1.500 que serão afetadas e ficarão sem lar. “Ninguém quer esmola. O povo quer moradia, quer o seu direito de ser humano. Se não for o pobre, o rico não vive. Nessas mansões que têm aí, é o pobre que trabalha. Queremos o nosso direito de ter uma casa. A Bíblia diz que até o pardal e a pulga tem sua casa. Por que nós não podemos ter?. Aqui só tem trabalhador”, frisou o morador.
Já, André Luis, falou do direito à regularização fundiária e das manifestações realizadas na terça-feira (2), em frente à Prefeitura e depois no Legislativo. “Viemos da Costa até a Prefeitura e aqui em prol de uma só coisa: moradia e nossa dignidade”.