Caraguatatuba terá uma representante nos Jogos Olímpicos de Inverno Pequim 2022 que começa em 4 de fevereiro. Bruna Moura, 27 anos, conquistou nesta segunda-feira (17) uma das vagas em aberto para competir no Esqui Cross-Country, em Zweisimmen-Sparenmoos, na Suiça. Agora a atleta está em Obertilliach, Áustria, e depois segue para as competições mais esperadas para praticantes de esportes de neve.
Falar que Bruna vai competir em um esporte de neve, coisa que raramente se vê no Brasil, especialmente no Litoral Paulista, como Caraguatatuba, é até estranho, mas esse sonho ela batalha desde que era adolescente, quando ainda praticava Mountain Bike e entrou para a equipe em 2010. Neste período chegou à sua vida a técnica e a atleta olímpica Jaqueline Mourão que viu um grande futuro para a competidora.
“Aprendi muitas coisas durante um final de semana com a Jaqueline Mourão e no último dia eles divulgaram o nome de oito atletas que se destacaram durante as aulas e eu era uma delas. Seríamos avaliadas até o final do ano e a que mais se destacasse receberia um contrato com a Scott – uma das maiores marcas de bike do mundo – na temporada de 2011. Eu consegui”.
Dois meses depois ela se preparava para e o Campeonato Brasileiro de Mountain Bike e foi à Secretaria de Esportes de Caraguatatuba pedir apoio ao então secretário Rubens de Castro para que pudesse viajar. “Foi aí que ganhei meu primeiro título de campeã brasileira”, recorda.
Então, Bruna recebeu um convite de Jaqueline Mourão, diretamente do Canadá, para que fosse treinar e competir lá, onde o nível era muito mais alto. No final do ano ele conquistou o contrato com a marca Scott e, em 2011, integrou a Seleção Brasileira, competindo pelo País no Campeonato Panamericano de Mountain Bike na Colômbia.
O susto
Tudo estava indo muito bem, até que um exame de rotina detectou um problema no coração que a tirou das competições, a ponto de achar que nunca mais poderia voltar. Ela foi diagnosticada com uma Comunicação Interatrial (Cia) de dois centímetros e de acordo com o médico não poderia mais praticar esportes de alta intensidade.
Apesar de receber o grave diagnóstico, e a depressão, Bruna Moura se recusava a desistir de seus sonhos, que era chegar ao ápice da carreira de um atleta – as Olimpíadas. Houve complicações e por pouco não morreu. “Fui obrigada a parar de competir, encerrar meus contratos. Um momento muito difícil”. A jovem conta que chorava todas as noites por estar impedida de fazer o que amava. “Mas meu sonho estava lá, eu ainda queria chegar às Olimpíadas e estava disposta a optar pela cirurgia de peito aberto, mesmo com os riscos operatórios e mesmo com o tempo de recuperação sendo superior a um ano”.
Em uma das vindas de Jaque ao Brasil, ela inscreveu Bruna em uma clínica de Rollerski, em São Carlos (SP), realizada pela Confederação Brasileira de Desportos na Neve (CBDN). Foi então que teve o seu primeiro contato com o Rollerski e a Confederação.
Sonhando com os Jogos Olímpicos
A partir daí, foi uma sucessão de mudanças, de se dedicar ao esporte que hoje, pela primeira vez, a leva à tão sonhada Olimpíadas. Nas vindas à Caraguatatuba, sem poder esquiar na neve, o jeito era improvisar com esqui de roda na ciclovia e reforçar o treinamento.
Atualmente, ela faz parte a Seleção Brasileira de Esqui Cross Country e de 2014 a 2020 fez parte da Seleção Brasileira de Biathlon (ski com tiro esportivo), onde disputou de provas como o Mundial Júnior, na Bielorrússia (2015), bem como o Open Europeu na Polônia (2017) e na Itália (2018), entre provas da IBU Cup, organizadas pela União Internacional de Biathlon.
Em 2020 decidiu se dedicar apenas ao Esqui Cross Country. Segundo a atleta, já que nesse esporte vislumbrava chances reais de se classificar para as Olimpíadas de Pequim 2022, o que acabou se concretizando.
Agora, o sonho se transforma em realidade. Então, junto com sua técnica Jaqueline Mourão, elas buscam uma medalha ou mais para o Brasil nos Jogos Olímpicos de Inverno de Pequim.