Num Brasil distópico onde é xingado de idiota quem sai à rua em defesa da educação e da ciência, o funcionamento do tempo e a ação da natureza desandam. A sensação de urgência, de falta de ar dando dor no peito nos sobressalta no sono e na vigília. E o clima, ah, o clima…
Uma chuvarada se derramou sobre nós. Em Ilhabela, os extremos da cidade não mais se comunicam por ficarem os caminhos interditados.
E como o Brasil é aqui, aqui chegou a Polícia Federal invadindo casas e repartições. Logo na Semana da Cultura Caiçara, o prefeito caiçara foi afastado do cargo num dia para ser cassado noutro.
E a Congada de Ilhabela na Festa de São Benedito, o ponto alto da Semana, que desde sempre foi abençoada por céus azuis, teve o levantamento do mastro fustigado por chuva e chuva mais grossa impediu os congueiros de se exibirem ao ar livre na manhã do sábado.
Se isso frustrou tirar foto deles, por outro lado estimulou escapar ao lugar comum de foto de Congada procurando encanto onde ele se oculta. As fotos da coluna vão dar protagonismo a gente que fica escondida nos bastidores dessa festa: devotos de São Benedito que trabalham infatigavelmente para bem alimentar um batalhão de pessoas que ocupam todo o espaço do grande salão paroquial da igreja matriz e ainda formam extensa fila para lá entrar.
Gente que se acostumou a ficar na sombra, sem brilhar em fotografia e filme como brilham os congueiros coloridos se confrontando no calçamento sob o olhar embevecido da plateia.
Todavia, é essa gente merecedora de estampar capa de jornal e se isso agora não acontece porque em nossos distópicos tempos o Nova Imprensa não virou impresso, fica essa gente ao menos destacada para embelezar esta foto em foco.