Dezessete pinguins-de-Magalhães (Spheniscus magellanicus) foram protagonistas de uma superoperação de soltura em alto-mar, a 120 km da costa de Ubatuba, na última semana. Após uma longa e arriscada jornada que os trouxe debilitados do sul do continente, os animais resgatados e reabilitados pelo Instituto Argonauta, retornaram para a rota de migração rumo à Patagônia.
A soltura marcou o encerramento de meses de cuidados intensivos. Os pinguins chegaram ao Litoral Norte durante o inverno, exaustos e desnutridos, vítimas das longas distâncias, das correntes frias e, muitas vezes, de desidratação e hipotermia.
“Os pinguins chegaram cansados e desnutridos após longas viagens. Muitos encalham nas praias, de tão enfraquecidos. No Centro de Reabilitação e Despetrolização (CRD), eles receberam cuidados intensivos, alimentação adequada e acompanhamento diário até recuperarem peso, impermeabilização das penas e comportamento ativo”, explicou a bióloga Carla Beatriz Barbosa, coordenadora do Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos (PMP-BS), em Ubatuba.
Tecnologia a serviço dos pinguins
Vale lembrar que o processo não foi apenas a reabilitação em si, mas a logística inteligente que garantiu o sucesso da volta dos animais ao oceano. A equipe técnica do Instituto Argonauta contou com o apoio o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE).
Utilizando dados de satélite atualizados sobre a Corrente do Brasil, uma corrente marítima quente que flui para o sul, a área de soltura foi estrategicamente escolhida a dedo. Por isso, os pinguins foram posicionados próximo a essa ‘esteira’ marítima , aumentando drasticamente suas chances de encontrar rotas favoráveis para o retorno às colônias de reprodução, que ficam na Argentina e no Chile.
Hugo Gallo Neto, oceanógrafo, diretor do Aquário de Ubatuba e presidente do Instituto Argonauta, destacou o valor dessa integração: “Cada animal reabilitado e devolvido ao mar representa o sucesso de uma rede de monitoramento, pesquisa e dedicação de muitas pessoas. Essa integração entre ciência, tecnologia e conservação amplia consideravelmente as chances de sobrevivência e o sucesso da reintegração dos animais ao mar”.

A reabilitação é uma atividade constante e vital, realizada no âmbito do PMP-BS, um projeto que monitora os impactos das atividades de produção de petróleo e gás da Bacia de Santos sobre a fauna marinha.
A atuação conjunta do Instituto Argonauta, do PMP-BS, do Aquário de Ubatuba e o suporte operacional da Mineral Engenharia garantem que o litoral paulista continue sendo uma escala de esperança para os pinguins-de-Magalhães que arriscam tudo em sua longa migração anual.


