São Sebastião inicia projeto de biocápsulas para recuperação das áreas degradadas

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, conheceu na sexta-feira (27), as biocápsulas que fazem parte do projeto de recuperação das áreas degradadas por chuvas em São Sebastião. O restauro ecológico das áreas florestais degradadas pelas fortes chuvas que ocorreram em fevereiro deste ano, será feito pelo Instituto de Conservação Costeira (ICC), em parceria com a Atlântica Consultoria Ambiental, e a Ambipar Group.

A iniciativa começou em áreas prioritárias definidas pelo ICC e foi inaugurada pelo governador do Estado de São Paulo. Além disso, Tarcísio de Freitas, conheceu a tecnologia das biocápsulas dispersadas por drones de alta capacidade, desenvolvidos pela Ambipar e customizados para o projeto. “Este é um momento de recuperação para São Sebastião, por isso, ter um projeto como esse é muito importante. Quero acompanhar o desenvolvimento do restauro dessas áreas tão afetadas pelas chuvas”, disse Freitas.

As áreas prioritárias, definidas pela Atlântica Consultoria Ambiental e Fundação Florestal do Estado de São Paulo, são mais propensas a deslizamentos e invasões. Por isso, os drones iniciaram o lançamento de sementes em cerca de 10 hectares para verificar a operacionalização dos trabalhos em diferentes circunstâncias.

Essas localidades também são importantes para testar técnicas e tecnologias com maior segurança e eficiência. A tecnologia alcançará uma área total de 208 hectares, o equivalente a 200 campos de futebol.

Como funciona o projeto das biocápsulas

Segundo a Ambipar Group, as biocápsulas nascem de sobras de colágeno das indústrias farmacêuticas, inutilizadas na produção de medicamentos por conta de pequenos defeitos e/ou validade.

Após processadas no laboratório da empresa, as biocápsulas recebem sementes de árvores nativas e dispersadas por meio de drones de alta capacidade que irão permitir o acesso às áreas íngremes da Serra do Mar, que são inacessíveis por meio terrestre. As biocápsulas têm o objetivo de proteger as sementes e, ao mesmo tempo, nutri-las, sem a utilização de produtos químicos.

Em contato com água, as biocápsulas rapidamente derretem, formando um gel, nutrientes e organismos biológicos, que ativam as sementes, provocando maior probabilidade de germinação, principalmente em solos degradados e pobres. Por meio de um drone semeador, desenvolvido para essa finalidade, é possível fazer o lançamento aéreo de 20 mil biocápsulas, cobrindo cerca de um hectare por voo.

Para restaurar as áreas degradadas em São Sebastião,  mais de 20 espécies de plantas escolhidas a partir da Lista de Espécies Indicadas para Restauração Ecológica para as regiões do Estado de São Paulo, sendo elas apenas nativas do bioma Mata Atlântica e da Floresta Ombrófila Densa.

Segundo Fernanda Carbonelli, presidente do ICC, existem diversos fatores que influenciam na germinação das sementes. Entre eles, temperatura, umidade, luz e dormência, mas é possível selecionar sementes de espécies que conseguem se desenvolver em condições pouco favoráveis. “Daremos prioridade nesse momento para as espécies de árvores chamadas de pioneiras, já que são as primeiras a conseguir colonizar uma área, iniciando assim a primeira etapa de sucessão ecológica”, explica.

biocápsulas
O ICC e a Ambipar acreditam nos primeiros resultados a partir de dois a três meses do lançamento (Foto: Divulgação)

Otimismo

Para Gabriel Estevam, diretor de inovações da Ambipar, a tecnologia das biocápsulas irá beneficiar toda a população, contribuindo com o meio ambiente. “O projeto é muito importante para restabelecer as áreas ecológicas em São Sebastião. Bem como auxiliar no equilíbrio climático a longo prazo e beneficiar toda a população do município. Além disso, a iniciativa pode vir a ser um modelo para promover o restauro ecológico, reflorestamento e contribuir com a sustentabilidade no mundo”, diz.

A princípio, o projeto tem a duração prevista de dois anos: o primeiro para realização do plantio e o segundo para monitoramento, e pode estender-se. O ICC e a Ambipar acreditam que os primeiros resultados já aparecem a partir de dois a três meses após o lançamento das biocápsulas. Porém, esse prazo também dependerá das condições climáticas da região nos momentos de operação.

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