A história de Júlio Ferreira, 25 anos, poderia ser como de qualquer outra pessoa que estuda o básico, começa a trabalhar, se casa e segue sua vida. Mas esse jovem queria muito mais e foi em busca dos seus sonhos, mesmo sem saber onde o levaria.
Nascido e criado no bairro Tinga, em Caraguatatuba, ele conta que estudou sempre em escolas públicas – Emei / Emef Prof. Lúcio Jacinto dos Santos, Antonio Alves Bernardino e Colônia dos Pescadores em paralelo com curso técnico de Edificações do Instituto Federal de São Paulo, mas sempre almejou mais. E neste ano conquistou, nos Estados Unidos, o terceiro lugar em um campeonato internacional com mais de 1 mil inscritos.
Mas essa história de sucesso começou alguns anos antes, quando terminou sua formação, sem perspectiva de fazer uma boa faculdade já que sua família não tinha recursos. Como voluntário da igreja que frequentava, foi trabalhar no Rio Grande do Sul onde conheceu um casal americano que viu sua vontade de vencer.
“Eles perguntaram se eu gostaria de ir para os Estados Unidos que se comprometeriam em pagar dois meses de aluguel e dois semestres em uma escola de inglês, mas depois eu teria de correr atrás”.
Antes da decisão que mudaria sua vida, ele relembra das dificuldades em busca de uma colocação, do quartinho que dormia no chão, em São José dos Campos, dos desafios que lutava para conquistar.
“Foi um período muito difícil, mas sempre acreditei que poderia muito mais e depois de um tempo, resolvi aceitar a proposta com ajuda de familiares”. Com a cara e a coragem foi para o Estado de Utah onde se matriculou no curso de inglês, sem falar uma palavra e, pouco depois era fluente Se matriculou na faculdade Ensign College e pouco depois chegou a pandemia da Covid.
“Estudei por dois anos de forma online, sempre me aplicando, buscando mais oportunidades, trabalhei de faxineiro, mas nunca desisti. Sempre busquei mais, as melhores notas até participar desse campeonato em suas várias fases”.
O evento organizado pela Deca, uma organização estudantil sem fins lucrativos com cerca de 175 mil membros em todos os 50 Estados Unidos, Canadá, Guam, Porto Rico e Alemanha, reuniu seis alunos de cada Estado de escolas como Berkeley, University of Arizona, e Hartford. “Eu, ‘tingueiro’, achei que não iria nem passar para a segunda fase, mas por um milagre deu tudo certo e voltei com um troféu para casa”.
A DECA prepara líderes e empreendedores emergentes em marketing, finanças, hospitalidade e gestão em escolas de ensino médio e faculdades em todo o mundo.
Júlio Ferreira estuda Análise de Empresas e durante o campeonato participou da categoria Marketing Internacional onde, na primeira fase, precisava resolver o ‘case’ de uma rede de fast food que tinha como emblema uma vaca, um porco e uma galinha abraçados e pensava em abrir filial na Índia e na Arábia Saudita.
“Precisamos apresentar um estudo de viabilidade levando em conta questões religiosas, restrição na dieta local, princípios éticos, tudo elaborado em uma hora para apresentar aos juízes. Passamos entre os 14 para a segunda fase e analisamos a implantação de um centro de distribuição na Irlanda em área onde a comunidade local era contra. Conseguimos ficar entre os três primeiros colocados”, comemora.
Para Ferreira, esse é o fruto de um trabalho de perseverança e de buscar realizar os sonhos. Também uma oportunidade de ajudar sua comunidade no Tinga que sempre mantém contato e ajudar como pode. “Hoje estou casado, trabalho como contador em uma das 10 maiores empresas dos Estados Unidos e quero que mais pessoas saibam que podem ter as mesmas oportunidades que tive”.