Com 200 anos de história, Congada de São Benedito une fé e tradição em Ilhabela

Não tem como falar de cultura em Ilhabela sem lembrar da Congada de São Benedito. A festa é celebrada nas ruas do arquipélago desde 1794, de acordo com registros do arquivo do Estado de São Paulo. Em 2022, a Congada será comemorada junto a Semana da Cultura Caiçara, com shows musicais, exposições, cinema e quermesses, além dos tradicionais rituais religiosos.

História

A festa de São Benedito conta com teatro de rua, comida, música, dança e muita devoção. A alegria dos tambores e da tradicional marimba, das flores e das cores atrai centenas de expectadores locais e turistas todos os anos.

O Baile dos Congos, momento mais esperado da festa, representa a história da guerra entre os reinos de Congo, cujos súditos do Rei, sempre vestidos de azul, são cristãos e devotos de São Benedito, contra o exército de Luanda, que são os mouros pagãos e vestem as cores vermelho e rosa. Quando o exército azul do Congo consegue derrotar a tropa inimiga, o Rei acaba concedendo o perdão em nome da bondade de São Benedito. O embaixador de Luanda se emociona com o perdão concedido pelos vencedores e se torna mais um devoto fiel do santo, assim como seu povo.

E o romance não poderia ficar de fora da história. O Rei do Congo havia se apaixonado por uma mulher do povo e com ela teve um filho, mas por temer consequências deste amor em seu reinado, mandou a amante embora ainda grávida. Ela foi para Luanda e teve o bebê, que se tornou, justamente o embaixador de vermelho que volta para aterrorizar o reino do Congo. Em busca de seus direitos, acontecem as batalhas, mas a misericórdia de São Benedito é maior e sela o destino dos dois reinos, do pai e do filho.

O atual Rei do Congo e principal personagem da história, o Dino, tem 53 anos de Congada. Ele participa dos rituais desde os cinco e substituiu o saudoso Dito de Pilaca que faleceu em 2015 com 95 anos, ainda participando ativamente da Congada.

Como não poderia deixar de ser, a festa segue o calendário da natureza caiçara. Durante mais de 200 anos, baile sempre aconteceu no “claro” de maio, período de lua cheia, quando a água clara do mar dificulta a pescaria e, assim, os pescadores da comunidade estão em terra e podem participar dos festejos.

São Benedito

São Benedito é o único santo negro da igreja católica. Nascido na Itália e filho de escravos etíopes, o santo deixou suas marcas em Ilhabela, onde a comercialização de escravos moveu a economia durante dezenas de anos. Inclusive a população negra que foi trazida de diversos países africanos era maior do que a de homens livres na época da colonização. Os descendentes dessa história ajudaram e formar a nação e a identidade caiçara. E eles não poderiam deixar de se identificar com a trajetória do santo protetor dos humildes.

O escravo Roldão

O mítico fundador da Congada em Ilhabela desembarcou em Castelhanos por volta de 1785 trazido nos porões de um navio negreiro. Os mais antigos organizadores da Congada contam que o escravo Roldão foi essencial para consolidar a festa nas terras do arquipélago. Ele era tio-avô da famosa Dona Ana Esperança, umas das primeiras líderes da culinária da Congada, a Ucharia. Hoje é sua família que ainda cuida da tradição da cozinha congueira.

Ucharia

A culinária é parte essencial no ritual da Congada, afinal São Benedito também foi cozinheiro e conhecido por seus pratos saborosos. Em Ilhabela ainda é comum encontrar a imagem do milagreiro dentro das cozinhas, para garantir a fartura. E quando o fogo se acende na cozinha da Congada, é sinal de abundância.

A Ucharia reúne centenas de pessoas para uma deliciosa refeição coletiva. A comida é preparada pelas mãos das mulheres dos congueiros, com ingredientes doados pela comunidade católica. O alimento é preparado ainda nos tradicionais fogões “tacuruba”, montados manualmente sobre pedras grandes que assentam os enormes tachos e panelões.

A palavra Ucharia significa “despensa da casa real”, local onde era comum acontecerem as refeições dos escravos. De acordo com devotos, a Congada homenageia a luta dos negros e celebra essa história de batalha que criou um povo tão forte, batalhador e que não esquece nunca da fé.

Congada São Benedito Ilhabela
Festa acontece no mês de maio quando os pescadores estão em terra (Foto: PMI/ Divulgação)

Programação da Congada 2022

Quinta-feira – 12 de maio
19h – Abertura da exposição Casinhas Caiçaras – Celina Lima
19h30 – Tríduo com Santa Missa na Paróquia Nossa Senhora D’ajuda e Bom Sucesso – Vila

Sexta-feira – 13 de maio
17h – Levantamento do Mastro de São Benedito na praça Alfredo Oliani I, em frente ao cruzeiro da Igreja Matriz – Vila

Sábado – 14 de maio
8h30 – Meia lua com andor de São Benedito
9h – Baile dos Congos pelas ruas da Vila – Centro Histórico
12h30 – Ucharia
14h – Baile dos Congos pelas ruas da Vila – Centro Histórico
19h30 – Tríduo com Santa Missa na Paróquia Nossa Senhora D’ajuda e Bom Sucesso – Vila

Domingo – 15 de maio
6h – Alvorada Festiva
8h30 – Meia lua com andor de São Benedito
9h – Missa dos Congueiros de São Benedito
10h – Baile dos Congos pelas ruas da Vila – Centro histórico
12h30 – Ucharia
14h – Baile dos Congos pelas ruas da Vila – Centro histórico
18h – Procissão de São Benedito com queima de fogos
19h30 – Missa de encerramento dos festejos de São Benedito na Paróquia Nossa Senhora D’ajuda e Bom Sucesso – Vila

One Reply to “Com 200 anos de história, Congada de São Benedito une fé e tradição em Ilhabela”

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