Presos por tráfico eram assessores da Prefeitura de São Sebastião

Dois assessores da Prefeitura de São Sebastião estão entre os nove investigados por tráfico de drogas, presos na última terça-feira (5), em operação policial no bairro da Topolândia. Diego Almeida, vulgo “Bolo”, e José Nilton Santos, chamado de “Biga”, estavam no cargo de “assessor de manutenção”, na Secretaria de Educação.

De acordo com a polícia, na casa de Biga também foram apreendidos “documentos relacionados a contratos com a Prefeitura de São Sebastião”.

Bolo é apontado pela polícia como líder de uma “ampla rede de distribuição de drogas” na cidade. Ele é proprietário de um sítio em Natividade da Serra, onde, segundo a investigação, ocorria preparo e pesagem das substâncias. No celular da esposa, também presa, foram encontradas conversas que indicam lavagem de dinheiro.

Biga foi nomeado pelo prefeito Felipe Augusto logo no início do governo, em abril de 2017. O cargo da época tinha salário de R$ 2.720, mas a remuneração do assessor chegou a R$ 5.805 no ano passado, com as gratificações concedidas pelo prefeito.

Bolo ganhou cargo no ano seguinte, e tinha remuneração menor como “assessor de apoio operacional” (R$ 1.672). Os dois ainda tiveram autorização do prefeito para dirigir carro oficial.

No final de 2019, os cargos ocupados pelos acusados foram julgados inconstitucionais e tiveram que ser extintos. Foi quando Felipe, com aprovação dos vereadores, resolveu criar quatro cargos de assessor de manutenção na pasta de Educação. Dias depois, ele nomeou Bolo e Biga na mesma data – 2 de janeiro de 2020. O salário de ambos saltou para R$ 4.389.

A lei que criou os cargos não define claramente o que faz um “assessor de manutenção”. De modo vago, diz apenas que assessora a chefia na manutenção de escolas e na fiscalização das condições das estruturas. Para ser nomeado, não há exigência de escolaridade, formação ou experiência.

A reportagem pediu, à Secretaria de Educação, informações sobre o currículo profissional e as atividades dos assessores, mas não obteve resposta. A Prefeitura não quis se manifestar sobre a prisão dos assessores. Eles foram exonerados no dia da operação Heisenberg.

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