São Sebastião gasta R$ 51 mil com termômetros superfaturados

A Prefeitura de São Sebastião comprou 193 termômetros digitais para medição de temperatura corporal a um custo cerca de 74% mais caros do que é vendido no mercado, num gasto total de R$ 51 mil, até agora. A aquisição foi justificada como sendo medida de prevenção à Covid.

Na internet, o produto é vendido por R$ 60 a R$ 70. São esses os preços que academias e hotéis da cidade, consultados pelo Nova Imprensa, pagaram para cumprir exigência de decreto. Já a Prefeitura pagou R$ 263,85 em cada unidade.

A maior parte (166) foi distribuída às escolas e creches. Todos esses comprados com verba federal repassada para o enfrentamento do coronavírus. A Secretaria de Turismo adquiriu outros 20 e não quis informar onde estão sendo usados os aparelhos.

Já a Secretaria de Saúde comprou quatro termômetros ainda mais caros – R$ 273,90.

O custo dos aparelhos é mais que o dobro dos comprados pela Prefeitura de Ilhabela. Apesar de especificações mais exigentes (termômetro com sensor sonoro de distância e leitura de temperatura em até 1 segundo), os 50 aparelhos entregues às escolas de Ilhabela custaram R$ 119 cada.

Curiosamente, a empresa que vendeu os 193 termômetros para São Sebastião também ofertou para Ilhabela, mas por um custo inferior, de R$ 135. A Prefeitura de Ilhabela, no entanto, comprou de outro fornecedor, que ofereceu um preço menor.

O gasto de R$ 51 mil com termômetros, além do custo elevado de cada unidade, é questionável pela justificativa da compra. Se no início da pandemia havia consenso de que aferição de temperatura contribuía para a prevenção da Covid, hoje não é mais assim. Sabe-se que nem a metade dos contaminados têm febre, e a eficácia da medida é contestada por especialistas.

“A essa altura da pandemia, não vejo mais motivo para continuar com a medição. No início, quando a gente não sabia direito, até concordava, mas é um teatro, porque você está fingindo que tem algum controle e não tem”, disse Rosana Richtmann, infectologista do Hospital Emílio Ribas, em entrevista ao portal UOL.

No mês passado, o Ministério Público do Ceará recomendou ao governo local suspender a obrigação de verificar a temperatura das pessoas para permitir o acesso a lugares públicos.

A reportagem enviou questionamentos à Prefeitura de São Sebastião e à Secretaria de Educação, mas não obteve respostas.

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