Estudantes de São Sebastião perdem aulas por falta de transporte

Alunos de São Sebastião que cursam faculdade estão enfrentando dificuldades na retomada das aulas presenciais. São dois grupos distintos, mas o problema de ambos diz respeito ao transporte.

Os estudantes de cursos na área da Saúde em Mogi das Cruzes estão faltando nas aulas. Eles contam que a Prefeitura exigiu o mínimo de 26 pessoas para fretar um ônibus.

A Prefeitura se apega a um decreto, publicado em março, que diz que o fretamento está “condicionado à lotação da capacidade de atendimento dos veículos de, no mínimo, 60% dos assentos”.

O decreto não especifica o tipo de veículo (ônibus, micro-ônibus ou van). De todo modo, a exigência de 60% de ocupação é nula. A Lei 2.435/2017, que disciplina o transporte universitário, prevê que “o fretamento será oferecido havendo demanda mínima de 15 alunos por percurso”. Como se sabe, nenhum decreto se sobrepõe à lei, que somente pode ser alterada por meio de outra lei.

Uma estudante de Nutrição, que não quis se identificar, conta que a Secretaria de Educação vem colocando empecilhos. “Pediram para mandar declaração do retorno das aulas presenciais, e enviamos tudo que pediram, mas colocam desculpa para tudo”, disse ela.

Outra estudante, de Psicologia, publicou um desabafo nesta terça-feira (10). “Por que não disponibilizaram uma van para nós? Por que a gente precisa brigar tanto por uma coisa que não tem o que contestar? Seguimos toda as regulamentações, entregamos os documentos necessários, temos a quantidade necessária para a liberação do fretamento, e continuamos recebendo e-mails que ainda não há a quantidade necessária, pois estão exigindo 27 alunos para a liberação”, escreveu a estudante, que já pensa em trancar a faculdade.

Em live na semana passada, o prefeito Felipe Augusto, ao ler um comentário que cobrava um posicionamento sobre o transporte, respondeu com ironia. “Mais uma groselha no ar. Informação equivocada. A live do zé groselha é pro lado de lá. Pula fora que aqui nós falamos verdade”, declarou Felipe, se referindo ao ex-prefeito Juan, a quem costuma chamar de “zé groselha”.

Nesta terça, o prefeito voltou a ser pressionado. “Para que a gente contrate ônibus, tem que ter no mínimo 60% de alunos no ônibus. O jogo tem regras”, alegou ele.

Último horário

O outro grupo, que está perdendo aulas, é de alunos da Fatec que moram na Costa Sul. Isso porque o último horário do ônibus que vai para Boracéia obriga que os alunos saiam mais cedo.

Antes da pandemia, eles contavam com um ônibus de linha que os levava até a Fatec, mesmo local de partida no retorno. Agora, eles precisam descer na rodoviária e caminhar por 1,5 quilômetro até a faculdade, tendo o mesmo trajeto na volta. O último horário era as 22h50, agora o ônibus sai às 22h.

A reportagem foi à rodoviária, nesta terça, e conversou com estudantes que embarcavam no ônibus. Evandro Santos, que mora em Juquehy, diz que está perdendo a primeira e a última aula. Duas alunas da ETS também tiveram que sair mais cedo para chegarem a tempo de embarcar.

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