O ex-prefeito de Caraguatatuba, Antônio Carlos da Silva (PSDB), é alvo de mais uma investigação da Polícia Federal. Ele estaria envolvido em um esquema de desvio de dinheiro da saúde entre 2013 a 2016. Os detalhes foram revelados pelo empreiteiro Adriano César Pereira, dono da empresa Volpp Construtora, em depoimento à Polícia Federal de São Sebastião.
Antônio Carlos assinou, em 2013, um contrato com a Volpp para a construção da UPA Sul no valor de R$ 3,5 milhões. Na delação premiada, Adriano Pereira, que foi preso pela PF em 2019 detalha contou como seria o esquema para desviar dinheiro durante a obra.
Nossa reportagem teve acesso ao Termo de Declarações assinado pelo empreiteiro no dia 8 de outubro na Delegacia da Polícia Federal.
“Não houve fraude na licitação dessa obra, mas todas as planilhas apresentavam uma taxa de administração, que era uma propina legalizada, dentro do valor do contrato. Não era um valor fixo, mas sim um percentual no valor do contrato (10% de cada parcela recebida pela empresa)”, disse em depoimento à Polícia Federal.
No decorrer das declarações, Adriano Pereira revelou ainda que “por conta desses pagamentos das propinas, surgiu a possibilidade de compra da empresa Center Trevo Materiais para Construção”, que pertencia à filha do ex-prefeito, Milena Veneziani.
À época, depois do negócio fechado com a família do ex-prefeito, o empreiteiro disse que perceber ter sido “enganado” pela quantidade de materiais de estoque encontrados na loja. Com isso, ele resolveu não pagar algumas parcelas pela compra do imóvel comercial.
Foi então que Adriano Pereira procurou Antônio Carlos, que respondeu ao empresário. “Pediu para eu fechar a empresa, pois seria recompensado com contratos com a Prefeitura de São Sebastião e Caraguatatuba (uma vez que o genro de Antônio Carlos seria eleito prefeito daquele município e ele tendo acreditado que administraria a cidade de Caraguatatuba)”.
Em 2016, Antônio Carlos determinou um aditivo para continuar a obra da UPA Sul no valor de R$ 421 mil. Segundo o delator, esse cheque foi direto para Milena Veneziani, que tinha entrado na justiça para cobrar a dívida de Adriano na compra da empresa Center Trevo.
No depoimento, o empresário Adriano afirmou: “O aditivo ao contrato para construção da UPA foi fraudulento”.
E finalizou esclarecendo que “tem conhecimento de que houve uma perícia particular na obra da UPA, a qual constatou uma série de fraudes nas medições e nas obras”. E que também é de seu conhecimento que na mesma ação o juiz fez uma perícia judicial a qual confirmou praticamente o mesmo teor da perícia particular.
O ex-prefeito ainda tem ligação com a empresa Volpp na obra da praça ao lado do Cemitério de Caraguatatuba, onde também teria ocorrido desvio de dinheiro público. As investigações continuam e a Polícia Federal deve dar prosseguimento ao inquérito nos próximos meses.
Em entrevista ao jornal Nova Imprensa, Antônio Carlos negou as acusações do delator. “O Adriano participou de licitação e ganhou apenas uma obra em Caraguá, que foi a UPA. Em 16 anos de mandato ele ganhou apenas esta. Tenho laudo da perícia judicial que comprova que não houve irregularidades. Ele comprou a Center Trevo, que era da minha filha, e pagou com um cheque de R$400 mil que recebeu da prefeitura, da obra que ele fez”.
Parte dos documentos de delação do empreiteiro da Volpp