Manifestantes protestam contra restrições de acesso a Ilhabela

Um grupo de manifestantes formado por moradores e proprietários de casas de aluguel  realizou, na tarde deste sábado (13), um protesto na área de embarque e desembarque da balsa, em Ilhabela. A ação foi contra restrições impostas pela prefeitura para a entrada no arquipélago como medida de combate ao coronavírus (Covid-19).

Munidas de faixas e cartazes e gritando “Balsa Livre Já” e ”Sou morador, não preciso de favor”, cerca de 250 pessoas cobraram a liberação do acesso que só é utilizado mediante solicitação junto à Secretaria de Turismo. A maior parte das reclamações é sobre o indeferimento das autorizações para quem precisa entrar ou sair de Ilhabela.

A restrição teve início em 23 de março. No começo de junho houve uma  flexibilização para os moradores, desde que continuem pedindo autorização no site https://travessia.ilhabela.sp.gov.br/ e comprovem vínculo com o município.

Já veranistas e turistas só podem acessar a Ilha de terça a quinta-feira, até o limite de 50 aceites por semana. Os pedidos devem ser feitos com, no mínimo, 72 horas de antecedência.

Mais de 100 manifestantes participaram do protesto na balsa (Foto: Arnaldo Junior/Divulgação)
Mais de 250 manifestantes participaram do protesto na balsa (Foto: Arnaldo Junior/Divulgação)

Manifestantes

Um dos organizadores do movimento Balsa Livre, Daniel Marçal conta que, passados aproximadamente 90 dias de isolamento social, as cidades estão empenhadas à normalidade da vida. Eles querem a retomada inteligente do comércio e indústria com as devidas restrições necessárias para evitar o avanço do coronavírus.

“Infelizmente em Ilhabela o cenário é na contramão do mundo. Continuamos fechados. Comércio, hotéis, pousadas, casas de locação por temporada, a vida aqui começa a ficar difícil com a chegada da data final dos benéficos propostos pelos governos federal e municipal. Famílias continuam separadas por causa das restrições arbitrárias de funcionamento da balsa, que já começaram a custar a vida de cidadãos que apenas querem ter garantido seu direito constitucional de ir e vir”, explica.

Segundo Marçal, o Movimento Balsa Livre nasce da ansiedade de uma população que segue refém das autoridades constituídas. Para ele, “perderam a noção em suas ações que já podemos classificar como desumanas, comparadas a atitudes de líderes autoritaristas conhecidos do passado”.

“Somos cidadãos, brancos e negros, pobres e ricos, gente daqui e de fora que escolheu esta bela Ilha como lar. Não somos ignorantes, entendemos que medidas foram tomadas para a restrição logo no início quando ainda não sabíamos como o vírus se comportaria, diante de nosso clima, densidade demográfica e comportamento social. Mas agora, com os avanços observados diariamente, cases de sucesso no Brasil e exterior, sabemos que um isolamento tão rigoroso está nos deixando em uma bolha que terá consequências terríveis a longo prazo”, diz ele.

Uma manifestante disse que há 70 dias não consegue ver sua família, que o site para autorização não funciona. “Coloca alguém pessoalmente para atender a população”, reivindica. Veja o vídeo abaixo.

O empresário Leonardo Bertocco, 56 anos, foi uma dos primeiros a conseguir na Justiça o direito de entrar e sair da Ilha. Ele conta que tem casa no arquipélago desde 1988 e a partir de 1999 ela passou a ser sua residência principal.

“Ocorre que durante o início da pandemia tive que deixar o município para realizar trabalhos fora do Estado e o município me impediu de voltar”.

Diante da situação, ele relata que só restou a opção de utilizar dos meios jurídicos para conseguir acesso, que conseguiu em segunda instância. “Mas esta semana o próprio juiz de Ilhabela reverteu seu pensamento sobre impedir a entrada dos proprietários de imóveis na Ilha. Passou a dar liminares a favor”.

Ele fala ainda sobre a situação de amigos que não têm recursos para se socorrer no judiciário. “Uma amiga que está para dar a luz ao seu primeiro bebê não pode contar com a ajuda da mãe, pois não dão autorização. Outro amigo que trabalha na construção civil não tem permissão para ir trabalhar em São Sebastião”.

Mas para ele, um dos casos mais graves é de uma amiga que está impedida de se tratar fora do município porque cancelaram a permissão permanente que ela tinha. “Neste caso, inclusive, se ela não conseguir novamente a permissão vou pagar advogado para ela conseguir o mandado”, avisa.

Prefeitura de Ilhabela

Em nota, a Prefeitura de Ilhabela explica que durante todo o tempo tem recebido representantes de diversos segmentos da sociedade civil. E que vem buscando entendimento e soluções democraticas para o enfrentamento da pandemia.

Segundo ela, houve aumento de 93% do número de casos na cidade após a reabertura do comércio. Além disso, os dados epidemiologicos do país mostram o risco eminente de contaminação em movimentos como o realizado neste sábado.

“Somos a favor da democracia e nos dispomos a dialogar. No entanto, em nenhum momento fomos procurados por lideres do movimento Balsa Livre”.

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