A funcionária da Sabesp de Caraguatatuba, Diná Moreira dos Santos, de 59 anos, está presa em quarentena dentro de um hotel na cidade de Cusco, no Peru. Ela e o marido, o aposentado Antônio Serrano Rodrigues, de 69 anos, foram ao país para conhecer Machu Picchu e fora surpreendidos pelo fechamento do país, por conta da pandemia mundial de coronavírus (Covid-19). Não há previsão para o casal poder regressar ao Brasil.
Eles embarcaram para o Peru no aeroporto de Guarulhos (São Paulo) no dia 13 de março, às 07h45 e chegaram na cidade de Cusco, após uma escala em Lima, por volta das 16h. O casal deveria retornar ao país na noite desta quinta-feira (19), porém o vôo foi cancelado.
O decreto do governo peruano de fechar as fronteiras por emergência sanitária aconteceu na noite do dia 15 de março e o fechamento iniciou-se às 23h59. O país possui 71 casos de Covid-19 confirmados. Adicionalmente, o presidente decretou toque de recolher das 20h às 05h e ninguém pode transitar pelas ruas.
“A quarentena imposta pelo Governo do Peru é legítima e importante, assim como as que estão ocorrendo aí no Brasil, em nossas cidades; é preciso proteger a todos, impedir que circulem e, consequentemente, impedir que o vírus circule. Mas, queremos voltar para casa”, desabafa.
Já existe quem acabe preso por desobediência civil no país, ou seja, por sair de casa à toa, sendo permitido deixar a quarentena apenas para comprar alimentos e remédios ou para ir ao médico. Há até uma hashtag usada no país: #YoMeQuedoEnCasa.
Diná conta que conhecer Machu Picchu era um sonho de adolescência. “Aos 14 fui ao museu de história da USP, conheci esse patrimônio histórico da humanidade e a partir daí sempre quis um dia conhecer de pertinho, mesmo sabendo ser essa vontade difícil de realizar. Estava para sair em férias e encontrei uma boa oferta para vir ao Peru”.
O passeio do casal até Machu Picchu se realizou no domingo, porém os passeios agendados para outros dias foram cancelados. “Compramos numa agência local um City Tour, que fizemos no sábado mesmo à tarde, mas o passeio à Montanha Arco-Íris e ao Vale Sagrado, nos dias 17 e 18 de março, foram cancelados”.
“Apesar do inconveniente da quarentena e consequentemente cancelamento dos outros passeios, só tenho a agradecer por Deus ter me dado a oportunidade de realizar o sonho de conhecer Machu Picchu e o berço da civilização andina”.
Embaixada brasileira
Perguntada se existe uma previsão para retorno, Diná é enfática. “Não existe prazo nenhum! Ninguém nos dá prazos para sairmos daqui, nem embaixada, nem companhias aéreas, nem operadoras de turismo”.
“Preenchemos e enviamos os formulários que a embaixada solicitou, fui informada que nossos nomes já estão na lista deles e estamos aguardando o desenrolar das coisas. Eu estou em férias, mas deveria retornar ao trabalho na segunda-feira (2), se não puder sair daqui, não sei como será. O Serrano é aposentado, mas tem seus compromissos que também não poderá cumprir. Minha sorte é que tenho uma ajudante do lar que está em minha casa, cuidando de tudo, inclusive dela mesma e da filhinha que está com as aulas suspensas e não precisa ficar se deslocando para lá e para cá, evitando condução e contatos desnecessários”, explica.
Segundo a turista, a embaixada teria entrado em contato com a organização dos hotéis para que eles façam um preço mais acessível para os brasileiros. “Mas ainda assim é caro. A despesa diária para nós, o casal, sai na faixa de 30 a 35 dólares”.
Para passar o tempo, ela conta que usam as redes sociais, sentados no lobby ou no restaurante.
Em nota, a embaixada do Brasil afirmou que negocia com companhias aéreas um voo fretado para os brasileiros retidos no Peru. Já o Ministério das Relações Exteriores informou que está em contato com os cidadãos brasileiros que procuraram a embaixada.