A prefeitura de Maricá lançou um pacote social e econômico de oitenta milhões com medidas de amparo a sua população vulnerável financeiramente. Esse é um exemplo de atitude de governo municipal solidária aos seus moradores vulneráveis e como ela existem felizmente outras mais pelo Brasil inteiro.
Em Ilhabela não se noticiou ainda qualquer uma semelhante que ampare e assegure uma sobrevivência digna aos seus munícipes mais frágeis que vão ficar confinados, – presos -, em suas casas sem poderem exercer seu trabalho e consequentemente, desprovidos de sua renda.
E são muitos, exercendo ocupação autônoma como ambulantes, artistas, artesãos; empregados da construção civil; empregados domésticos e outros trabalhadores com empregos precários e os que os perderam, despedidos pelos seus empregadores logo no início da pandemia.
É gente que vende o almoço para pagar o jantar, ou seja, com rendimentos modestos e sem dinheiro guardado.
O isolamento social é uma ação sem sombra de dúvida acertada mas obrigar o confinamento desses milhares de ilhabelenses necessitados, muitos deles em moradias insalubres construídas em áreas de risco, sem os ter tranquilizado com um programa emergencial de renda mínima antes, foi cruel demais.
Sem dinheiro, eles vão ficar aflitos, desesperados.
Os empresários e comerciantes locais têm poder de pressão sobre as autoridades e conseguem fazer suas demandas serem ouvidas.
Mas esse povo sem recursos que só é lembrado em época de eleição, não está sendo ouvido. E o pior de tudo é que tem quem se valha de clichês como o de que “não existe almoço grátis” para justificar que não se gaste com quem mais precisa.
Ontem na rádio Bandeirantes o economista Delfim Netto foi claro: a prioridade são as pessoas, não a economia. Elas não podem morrer. Nem de coronavírus e nem de fome ou do desespero de saberem que vão passar fome.
Ações solidárias têm surgido aos montes na internet e isso é maravilhoso pois restaura nossa fé no ser humano.
Mas precisamos ser realistas e perceber que o poder púbico municipal pode imediatamente providenciar o amparo desses vulneráveis com muito maior eficiência do que as inúmeras atitudes de voluntariado civil juntas.
Já circula nas redes sociais um abaixo assinado postado na change.org pelo Fórum Popular da Cultura de Ilhabela relatando a urgência da adoção de um programa de renda emergencial.
Ilhabela tem dinheiro em caixa; precisa ter a vontade política de usá-lo em benefício daqueles munícipes que mais precisam livrando-os do insuportável sofrimento que agora estão vivendo, amedrontados com um futuro de privação muito além do que conseguiriam suportar.