Era para ser uma viagem de urgência, devido à gravidade do assunto, mas se tornou uma verdadeira maratona a ida do servidor público de Ilhabela, Douglas MacGinity, 57 anos, até o Instituto do Coração (Incor), em São Paulo. Isso aconteceu no dia que a capital paulista enfrentou o caos por conta da chuva que caiu entre domingo e segunda-feira (10) e parou.
Às 7h de segunda sua filha Emy, 6 anos, deveria entrar em cirurgia para colocar um marcapasso. O aviso sobre a urgência foi dado no começo da noite de domingo. Ele conseguiu carona e quando passaram por São José dos Campos soube que não dava mais para ir à Capital, que enfrentava alagamentos nas marginais Pinheiros e Tietê.
“Pessoal ficou com medo e pedi para me deixar na rodoviária e eu resolvi encarar e pegar um ônibus até Guarulhos, depois peguei o trem, traslado de outro trem e quatro vezes o metrô. Cheguei ao hospital às 17h, já tinha quase acabado a cirurgia e ela indo para a UTI. Foi uma maratona que nunca tinha visto na minha vida. Enfim, pude ficar com ela”.
Douglas MacGinity conta que sua filha tem uma deficiência de nascença no coração e o marcapasso anterior parou de funcionar, por isso precisava de uma cirurgia de emergência. “Foram mais de seis horas na mesa de cirurgia. Depois de toda essa loucura, meu sentimento é de dever de pai cumprido, de alívio por ter passado o sufoco, mas ter dado tudo certo”.
O servidor espera, agora, que a filha tenha alta e possa ir para Ilhabela, onde deve morar. “Ela estava em Campos do Jordão e foi para o Incor de ambulância. Agora, espero ter ela e a irmã de 10 anos ao meu lado”.
Ainda emocionado com a maratona que vivenciou, Douglas MacGinity desabafa: “sabe o que me incomoda? É o fato de uma Capital, a maior do País, ficar isolada por chuvas e eu ficar a mercê de toda esta confusão podendo ser os últimos momentos com minha bebê”.