As comemorações do sete de setembro foram marcadas pela polarização política que incendiou o país. De um lado, havia os adeptos do verde e amarelo se opondo aos do negro, a cor do luto.
Na Vila em Ilhabela, felizmente o que se presenciou foi uma profusão de cores tomando conta das ruas do centro histórico. Isso, graças ao Fórum Popular de Cultura de Ilhabela, que realizou nessa data o seu segundo Encontro da Cultura.
A maior parte do Centro Cultural da Vila foi tomada pelos artistas. Apresentações musicais, de marionetes, de teatro, dança, capoeira se sucederam o dia inteiro atraindo grande público ao local.
E de tão vibrantes e fortes, elas cresceram para além do lugar onde aconteciam se derramando pelo entorno. À tarde, capoeiristas caminharam até o píer cantando e dançando. À noite, o grupo de Cumbia Cavalera eletrizou por onde passou acompanhado por centenas de populares. Logo depois, foi a vez do maracatu com sua percussão e coreografia enérgicas alucinar as pessoas na rua do meio.
Num momento absurdo em que há gente maledicente questionando a necessidade da arte em nossa sociedade, acontecimentos como esse encontro memorável fornecem imediata resposta: a arte existe para colorir nossa visão e encantar nossos ouvidos; a arte existe para nos humanizar; a arte existe para avivar nossa sensibilidade embotada pela lida cotidiana a ponto dela romper os grilhões que amesquinham nossas vidas.
E o Fórum fez muito mais do que promover manifestações artísticas pela cidade como essa do sete de setembro. Buscou aprimorar a política cultural na ilha, trabalhando para a sua melhoria. Para tanto, teve ativa participação na elaboração da lei 105/2019 que cria o Fundo Municipal de Políticas Culturais e o Conselho de Políticas Culturais.
No dia 3 de dezembro artistas de Ilhabela se agruparam no auditório da Câmara Municipal de Ilhabela para acompanhar a tramitação dessa proposta de lei, torcendo pela sua entrada em pauta. Dia 13 de janeiro, ela foi aprovada e Ilhabela agora vai estimular a criação e a difusão da cultura na cidade como o fazem com profissionalismo inúmeras cidades pelo Brasil focadas numa gestão da cultura que se norteie pela meritocracia.
O Fundo Municipal de Políticas Culturais vai fomentar projetos artísticos relevantes, selecionados por comissões de seleção formadas por avaliadores competentes, especialmente contratados para a função. O Conselho de Políticas Culturais será heterogêneo, integrado por membros da administração municipal e da comunidade, entre eles, artistas e produtores culturais. Sua feição plural vai avalizar a implementação de ações culturais que beneficiem a sociedade ilhabelense inteira com o vigor daquelas tão exitosas, como é o caso, por exemplo, da Festa Literária Internacional de Paraty, do Festival de Cinema de Gramado, do Festival de Teatro de Curitiba, do Festival de Fotografia de Tiradentes.