Tudo começou com a dificuldade encontrada para descartar corretamente as caixas de madeira deixadas na unidade com a entrega de frutas e hortaliças. A partir daí, os servidores que atuam no Centro de Trabalho e Educação do CDP, Luis Ernesto Mendes Alves e José Paulo Girotto, começaram a estudar o perfil da população carcerária da unidade para o desenvolvimento de uma atividade laborterápica.
Foi quando encontraram no conhecimento em Artes Plásticas do reeducando Marcelo, 49 anos, a brecha ideal para dar novo significado aos caixotes de madeira até então sem serventia. E assim surgiu o projeto “Cão tem lar, cão tem casa”.
Não há gastos para a produção das casas de cachorros, uma vez que o material necessário – além da madeira proveniente dos caixotes –, como pregos, parafusos, lixas, colas, etc., é doado pela sociedade civil, por ONGs que cuidam da causa animal e até por alguns servidores que adotaram a ideia.
Da mesma forma, não existe lucro, pois o produto final não é comercializado. “Com a concepção do projeto, agregamos valor social já que o destino das casinhas produzidas são entidades que cuidam de animais abandonados, incentivando assim a adoção, e incutindo nos presos a sensação de estar contribuindo com uma ação social”, explica o diretor geral do CDP de Caraguatatuba, Alan Carlos Scarabel de Souza.
A produção
Os primeiros experimentos começaram em meados de julho e até agora foram entregues cerca de 50 unidades. Para profissionalizar a iniciativa, foi montada uma linha de produção em que trabalham hoje 16 reeducandos, nas etapas diferentes do processo. Eles recebem remição de pena pelo trabalho.
Para atender às necessidades dos cachorros abandonados, o projeto passou a fabricar casinhas com três tipos de tamanhos, levando em consideração a estatura média dos bichinhos encontrados nas ruas.
As casinhas de cachorro produzidas no CDP de Caraguatatuba são destinadas exclusivamente para animais abandonados. Já foram doadas casas para o projeto “Dia da Causa Animal”, realizado pela Prefeitura de Caraguatatuba, e para ONGs protetoras de animais da região.
De acordo com a demanda, também são doadas casinhas para o canil da Penitenciária “Dr. Tarcizo Leonce Pinheiro Cintra”, a P I de Tremembé; o abrigo acolhe cães de rua da cidade de Taubaté.