1º Festival Internacional de Cinema de Surf começa em Ubatuba

O 1º Festival Internacional de Cinema de Surf de Ubatuba (Ficsu) começa nesta quinta-feira (13) e traz 74 produções de todo o mundo. Além dos filmes, o evento traz ainda shows musicais, pinturas de pranchas, feira de produtos, exposição de pôsteres e fotografias de surf, oficinas e bate-papos sobre o tema, até domingo (16).

A curadoria, realizada pela roteirista e produtora Lu Castro, pelo diretor e roteirista Rafael Mellin e pelo cineasta Victor Fisch a partir dos filmes inscritos pelos realizadores, selecionou 21 trabalhos, dos quais oito são do Brasil (um, inclusive, de Ubatuba). Os demais são dos Estados Unidos, México, Portugal, Angola, Austrália, França, Suíça, Canadá, Espanha, Rússia e Itália.

Alguns dos selecionados já foram exibidos e premiados em festivais importantes, como o de Portugal e Angola “Kalunga”, que recebeu diversos prêmios, entre eles o de menção honrosa no Lisbon Surf Film Festival.. Já o australiano “Beyound the Noise” recebeu o prêmio de melhor fotografia no London Surf Film Festival e no Bells Beach Surf Film Festival. Outro filme bastante premiado é o suíço “Tan”, que é inédito na América do Sul. Entre outras premiações, ganhou o prêmio de melhor curta-metragem no Santa Cruz Surf Film Festival.

Brasil

Alguns filmes são inéditos no Brasil, entre eles o “Nessa Vibe – Com Jeferson Guedes”, de Ubatuba, e que acompanha o pintor de pranchas Jeferson Guedes; e “Annais”, de Gabriel Novis, que fez o curta com o Canal OFF.

A mulher no surf

A presença feminina no surf e no cinema é uma temática constante e importante que o Ficsu faz questão de trazer à tona. Quatro curtas colocam a mulher como protagonista de seus filmes. Chloé Calmon, surfista brasileira de longboard é destaque no curta que leva seu nome, além de ser uma das personagens do longa-metragem “Kalunga”. Outras duas surfistas ganham a cena e o nome de seus curtas: a francesa Anais Pierquet (filme “Annais”) e a americana Paige Alms (filme “Paige”), que é considerada a melhor surfista de ondas grandes do mundo, com diversos títulos. Já o filme “Introducing the Super Stoked Surf Mamas of Pleasure Point” conta a história de mulheres que gostam de surfar e criaram formas de seguir exercitando seu prazer, mesmo grávidas ou com filhos pequenos. O filme venceu o prêmio do público no International Surf Film Festival Anglet, um dos mais importantes festivais do gênero no mundo.

Fotografia

Outro aspecto importante dos filmes inscritos é a beleza fotográfica de suas imagens. Há nomes relevantes da fotografia de surf no mundo entre os filmes selecionados, como o americano Morgan Maassen (“Water II”), o francês Hugo Manhes (“La Torche”), o australiano Andrew Kaineder (“Beyound the Noise”) e o fotógrafo uruguaio Guel Varela, com um curta que leva seu nome e mostra um pouco de seu processo.

Premiação

Ao todo, o festival oferecerá 6 troféus, um de homenagem, um de júri popular e quatro de júri especializado. Os troféus estão sendo confeccionados pela artista ceramista Licida Vidal, de Ubatuba.

A premiação será dividida por categorias que levam nome de algumas praias de Ubatuba: o Prêmio Sununga (uma praia diferente, boa para a prática de skinboard), premiará o filme mais inovador e transformador; o Prêmio Vermelhinha (uma praia de surf mais radical), será oferecido ao filme mais ousado, que leva o expectador ao limite da emoção; o Prêmio Perequê-Açú (onde fica a escola de surf de Ubatuba, ideal para quem está começando na prática do esporte) será para realizadores estreantes; o Prêmio Itamambuca (praia de ondas regulares durante todo o ano) para um filme completo, com boa narrativa, bem feito em todos os seus aspectos; e Prêmio Praia Grande (a praia mais popular de Ubatuba), será entregue ao filme que receber maior votação do público.

História

O Festival Internacional de Cinema de Surf foi idealizado pelo cineasta Victor Fisch, mestre em roteiro e realizador dos curtas “Onde Você Vai?” e “Gaiola”, que já rodaram muitos festivais, e diretor e curador do Cinefest Gato Preto, festival de curtas-metragens em sua 15ª edição, que acontece em Lorena e Vale do Paraíba.

“Desde que me mudei para Ubatuba, vejo o potencial que a cidade tem para receber um turismo diferenciado, que vai além da alta temporada de verão. Ubatuba é a capital do surf, esporte em alta no momento para o Brasil, com seus atletas no mais alto ranking mundial. É também um local de beleza exuberante, com alto índice de preservação da Mata Atlântica, com uma costa repleta de praias, cachoeiras e montanhas, além de uma grande diversidade cultural; o município abriga caiçaras, quilombolas, indígenas e muitos moradores artistas vindos de outras regiões. Fazer o Ficsu, um Festival de Cinema, que é a minha praia, servirá de vitrine para o que há de melhor nessa cidade”, revela Fisch.

“Além disso, tive um primo, Raphael Staniscia, que faleceu aos 33 anos. Ele era treinador físico e apaixonado por surf. Acordava às 5h para descer para a praia surfar e voltava para São Paulo para dar as aulas às 9h. Vivia me dizendo que eu, do cinema, tinha que ir com ele fazer uns filmes de surf. Eu não tinha muito interesse na época. Hoje, sinto que fazer o Ficsu vai ser uma forma de reviver sua memória, cheia de alegrias e de bom humor.”

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