Um grupo de voluntários do Litoral Sul de São Paulo resgatou e promoveu cuidados em mais de 150 animais na aldeia indígena Rio Silveiras, em Boraceia, na Costa Sul de São Sebastião. O projeto Animais das Aldeias realizou atendimentos a cães e gatos doentes e subnutridos e levou vermifugação, castração e vacinação aos animais sadios.
Segundo a equipe, foram encontrados na aldeia casos de tumor venéreo transmissível que precisaram de tratamento quimioterápico urgente, assim como castração para os outros animais para que a doença não se alastrasse. Houve ainda três casos de cinomose, que estão em tratamento, e muitos quadros de subnutrição e bicheira.
O grupo de voluntários é formado por protetores dos animais e veterinários, apoiados apenas pela iniciativa privada. As vacinas e remédios foram comprados com recursos levantados em vaquinhas e rifas e as castrações foram feitas em clínicas parceiras que cobraram preços simbólicos.
A idealizadora da ação, Larissa Reis, 30 anos, que também é fotógrafa, conta que tudo começou após visitas pessoais em aldeias do litoral paulista, onde a situação dos animais chamou a atenção.
“Meu marido é músico e gravou algumas músicas com indígenas em Itanhaém. Em 2015 começamos com as crianças, procuramos padrinhos e montamos sacolinhas de Natal personalizadas para cada uma delas. Ao mesmo tempo, eu sempre resgatei animais desde criança e vendo os animais na aldeia magros e comendo restos de comida, pensei que precisavam de ração e castração”.
O trabalho começou em São Vicente em 2016, tanto com as crianças quanto com os animais e, no final de 2018, chegou ao Litoral Norte. “ Houve um pedido de ajuda para esta aldeia em Boraceia, resolvemos vir e nos deparamos com uma situação caótica. As aldeias de Itanhaém e São Vicente são bem distantes da cidade, mas em Boraceia é muito próxima da Rodovia Rio-Santos e os moradores de bairros próximos abandonam animais no local porque sabem que os indígenas pegam”.
Segundo ela, as pessoas chegam com caixas de filhotes e entregam na mão das crianças. “A cultura dos índios em relação aos animais é diferente da nossa. Eles não os adotam, cuidam como sendo de todos e de forma precária, dando a eles restos de comida, arroz, muitas vezes até estragado”.
“Infelizmente para cuidar dos seus animais eles precisam de recursos financeiros, o que é totalmente escasso. Eles vivem da venda de artesanato e arcar com despesas de alimentação já é muitas vezes inviável, quem dirá tratamento veterinário”.
O trabalho está sendo feito por núcleos, onde os animais são vacinados, vermifugados e castrados e a população orientada em como cuidar dos bichos. Os filhotes, quando em concordância com a população, são doados depois de cuidados.
A cachorra Kaila
O caso mais triste, segundo a protetora, foi da cadela Kaila, encontrada em estado de caquexia (magra demais), com tremores e com parte dos ossos da pata traseira à mostra.
Ao conversar com o seu tutor, ele contou que uma aranha havia picado o animal e a ferida ficou aberta, ocorrendo o aparecimento de bicheira (larvas da mosca).
Ela sentia muitas dores e ficava escondida no mato o que dificultou receber os cuidados necessários e o estado dela foi se agravando, ainda mais por estar prenha. Com isso, seus filhotes nasceram fracos, seu leite secou e apenas um sobreviveu, mas está com anemia, hipoglicemia e desidratação. Ambos estão internados para tratamento e, posteriormente, serão colocados para adoção.
Alguns animais já recuperados, entre cães e gatos, já podem ser adotados.
Como contribuir
A preocupação de Larissa é que são muitos animais ainda a cuidar e as vacinas e remédios são muito caros. Por isso, foi criada uma vaquinha online http://vaka.me/508296O, que aceita doações a partir de R$ 5. O Projeto também possui uma fanpage no Facebook http://www.facebook.com/animaisdasaldeias e no Instagram, @animais_das_aldeias onde os interessados também podem ajudar.