Prefeitos reforçam que já atendem usuários da balsa em casos de paralisação

Por Mara Cirino

O serviço de travessia de balsas entre São Sebastião e Ilhabela por meio de um catamarã teve início no último sábado e foi aprovado, com ressalva, pelos usuários. Ele é uma alternativa para agilizar o embarque e desembarque de veículos que precisam se locomover pelos dois municípios.

Levantamento do fim de semana aponta que foram transportados 2.376 pedestres – 1.067 no sábado e 1.309 no domingo – e 272 bicicletas – 131 no sábado e 141 no domingo (na soma total, 2.648 passageiros).

O governo do Estado destaca que além de garantir mais conforto, o novo serviço possibilitará um ganho de até 30% na capacidade das balsas. Mas para os usuários o maior problema em relação às embarcações que fazem a travessia é o tempo de espera na fila.

Por isso, na última semana, o juiz de Ilhabela, Vitor Hugo Aquino de Oliveira, determinou que a Dersa, responsável pelo sistema de travessia de balsas entre o arquipélago e São Sebastião, e o governo do Estado mantenham sete embarcações em efetiva operação nos períodos de pico de alta temporada, feriados e finais de semana.

O descumprimento pode gerar multa diária no valor de R$ 100 mil podendo chegar ao valor máximo de R$ 5 milhões. No geral, a média tem sido de mais de quatro horas de espera.

Fila no lado de Ilhabela no retorno deste domingo (Foto: Nova Imprensa)

Dentro da decisão, o juíz também entendeu que as prefeituras de Ilhabela e São Sebastião podem e devem adotar diversas medidas que possam auxiliar na prestação de serviços de travessias, como a regulamentação do horário de travessia de veículo pesado e de grande porte; horário de travessia de veículos com cargas especiais; embarcações próprias para travessia de pedestres e ciclistas; possibilidade de o usuário abandonar ou sair da balsa; incentivo para que as hospedarias ofereçam serviços de translado aos turistas; oferecimento de banheiros público, entre outras.

Os prefeitos Márcio Tenório (Ilhabela) e Felipe Augusto (São Sebastião) reinteraram que já fazem esse serviço embora seja responsabilidade da Dersa. “Esse é um protocolo que adotamos desde o primeiro dia do nosso mandato. Trabalho de integração de informações e com as câmeras da Dersa”, disse Felipe Augusto.

Ele acrescentou, ainda, que precisa de recursos para fazer a ampliação do espaço de embarque que está no viário do município e encaixe das balsas, mas que não pode usar recursos públicos na área da Dersa. Dessa forma, está discutindo uma forma de convênio.

“Desde 2017 tenho dedicado, pessoalmente, à elaboração desses projetos com filas exclusivas para nossos moradores e do arquipélago que precisam do serviço seja para estudar, trabalhar ou ir ao médico. Sempre colaboramos, nunca deixamos esse assunto parado”.

Ele destaca que em dias que a travessia é interrompida por problemas climáticos os agentes de trânsito varam a madrugada, viaturas e equipamentos da prefeitura são utilizados para dar apoio, assim como há um plano de contingência envolvendo as principais secretarias municipais.

Para o prefeito, a privatização do serviço ainda é o melhor caminho. “É necessário encerrar a participação do Estado nas travessias. O serviço é lento, inchado. O governo estadual deve ficar só com a fiscalização”.

Jurídico

O prefeito Márcio Tenório disse que a administração ainda não foi notificada da decisão judicial, que seu Departamento Jurídico fará o acompanhamento e que também faz a sua parte enquanto gestor em relação à estrutura oferecida em casos de necessidade. “Temos uma infraestrutura montada que tem servido muito bem, inclusive com cozinha industrial onde providenciamos pão e chá para os usuários e até mesmo colchonetes”.

Ele destaca, ainda, que já está trabalhando na construção de um intermodal para melhor acolher os passageiros, carros e pedestres com dignidade, em espaço com bancos confortáveis, bebedouro, banheiros, aparelho de TV onde podem acompanhar em tempo real toda situação, inclusive da Dersa.

Embarcação pode levar até 370 passageiros

Catamarã

Em relação ao catamarã, o secretário de Logística e Transportes, João Octaviano, aponta que “os números mostram que estamos no caminho certo para levarmos agilidade e conforto tanto aos pedestres e ciclistas quanto aos usuários que fazem a travessia em veículos”.

O novo serviço terá tarifa zero durante os quatro primeiros meses, período em que a SLT realizará estudos para definir o valor.

Quem usou gostou, em especial turistas. O casal André Souza Lima, 25 anos, e Bruna Caetano de Oliveira, 23 anos, de São Paulo, usou a embarcação no sábado e aprovou. “Gostei porque é muito rápida, tem ar condicionado e até música”, disse ele que estava em São Sebastião e foi para o arquipélago.

Para a jovem, o melhor foi a comodidade de ir sentada, na sombra e ainda chegar rápido. “Espero que continue operando”, disse ela quando soube que o catamarã estava em teste.

Mas a preocupação é maior quando se trata de moradores dos dois municípios por conta de não saber qual o valor a ser cobrado quando terminar esse período. Ana Maria Silva Leite, 34 anos, mora na Ilhabela e sempre vai a São Sebastião. “É muito boa, mas se forem cobrar, vai acontecer o mesmo que já houve em outros tempo quando voltamos a usar as balsas que são de graça”.

A lancha LS-02, com capacidade para transportar 370 passageiros, passou por completo processo de reforma e modernização, com investimentos de R$ 3,6 milhões do Governo do Estado. É a primeira das duas previstas para operar no novo serviço.

O outro catamarã a compor a nova travessia de pedestres já teve 50% da reforma concluída, porém a empresa que realizava os trabalhos não cumpriu com as obrigações legais e teve o seu contrato rescindido.

“A Dersa já está tomando todas as providências necessárias para dar andamento ao processo licitatório e concluir a reforma”, informou o secretário.

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