Comunidade reclama de poluição e Cetesb autua hotel na Praia Dura

Por Mara Cirino

A classificação da Praia Dura, na região Sul de Ubatuba, como imprópria para banho após cinco semanas consecutivas acendeu uma luz na comunidade que foi em busca de repostas. O problema foi identificado como o lançamento de esgoto ‘in natura’ em corpo d´água. O hotel responsável acabou autuado pela Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb).

“A Praia Dura tem alguns problemas com poluição, mas que nunca foram muito graves. O histórico de bandeira vermelha na praia é quase desprezível, mas recentemente a coisa se agravou”, alertou Walmyr Buzatto, presidente da Associação dos Amigos da Praia Dura (Sabadu).

Segundo ele, coincide com a expansão do hotel Água Doce, “mas seria irresponsabilidade minha atribuir tudo ao hotel porque temos várias fontes potenciais de poluição ao redor como dois loteamentos que não são condomínios, mas agem como se fossem e três bairros na periferia – Corcovado, Folha Seca e Rio Escuro, todos às margens de dois rios principais que se juntam e desembocam no extremo norte da praia, chamado genericamente de Rio Escuro”.

A junção do Cajarana, que desce do Corcovado e da Folha Seca e do Rio Escuro ocorre pouco antes da ponte. “Podemos ter esgoto sendo lançado em qualquer um dos três bairros, podemos ter fossas vazando – já constatamos algumas no nosso loteamento – e temos excedente da estação de tratamento de esgotos do hotel sendo lançados em um curso d’água que passa em frente ao supermercado do bairro e deságua no mangue, pouco acima da foz dos rios”, pontua.

Diante da repercussão negativa que teve a presença da bandeira vermelha na praia, a Sabadu contratou empresa particular  para fazer uma análise mais pontual de amostras de água coletadas em seis pontos diferentes, sendo três pontos no curso d’água que passa pelo hotel e três outros pontos nos rios e debaixo da ponte.

Por meio de nota, a Cetesb informou que o Hotel Água Doce foi autuado por lançamento de esgotos sem tratamento adequado em corpo d´água Classe II, com a presença de espumas e odor, podendo tornar as águas impróprias a seus usos, nocivas ou ofensivas à saúde, prejudiciais à segurança, ao uso e gozo da propriedade, bem como às atividades normais da comunidade, causando inconvenientes ao bem-estar público.

O órgão ambiental fixou o prazo de 30 dias para que a direção do hotel realize as adequações necessárias no sistema de tratamento do empreendimento, de modo a atender a legislação ambiental. “No caso de não atendimento, o empreendimento pode sofrer novas penalidades”.

A Secretaria de Meio Ambiente de Ubatuba informou que se reunirá com a Sociedade Amigos da Praia Dura na próxima semana para discutir o assunto. Também devem estar presentes representantes da Vigilância Sanitária, Secretaria de Urbanismo e Cetesb para analisarem as providências necessárias a fim de solucionar o problema.

Hotel

O site Nova Imprensa entrou em contato com o Hotel Água Doce, mas não houve retorno. Na página inicial do seu site, o estabelecimento colocou uma nota de esclarecimento onde pontua algumas situações.

Destaca que no dia 11 de janeiro a Cetesb vistoriou o sistema de coleta e tratamento de esgoto e que, “apesar da funcionalidade do sistema, foi constatado, em vala ligada ao curso d´água, presença de odor, coloração e características físicas de esgoto”.

Complementa, ainda, que “diante de tal observação, imediatamente foi feito um trabalho da equipe do Água Doce, quando se constatou um pequeno vazamento em um dos tanques de nossa estação de tratamento… não chegou a atingir o mar, que se encontra a mais de um km de distância do ponto de vazamento”.

O Hotel lembra que mais de 300 residências, entre condomínios e casas, se encontram em torno da Praia Dura e Rio Escuro, com centenas de ligações clandestinas, fossas e sumidores que contaminam o lençol freático, o Rio Escuro e córregos da região, terminando no mar.

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