FOTO EM FOCO: Fila da Balsa

Na véspera do feriado de finados, a espera na fila de prioridade na travessia da balsa de São Sebastião para Ilhabela, passou das seis horas. Vale repetir para salientar: na fila de prioridade. Um idoso bastante obeso passou mal e houve quem por ele intercedesse, comunicando a situação aos funcionários. A resposta protocolar e fria foi de que exceções não podiam ser abertas e ele deveria ficar esperando na fila mesmo enfermiço.

E ele não era o único a sentir-se indisposto; mães com crianças pequenas caminhavam para lá e para cá sem parar na dura tarefa de acalmarem seus filhos e também de se acalmarem. Alguns velhos tentavam relaxar se embebedando. Um deles, chegou a armar uma cadeira de praia no canteiro que separava a fila de prioridade da fila comum e nela arriou-se, bebendo cerveja. Quem não tinha como ir ao banheiro distante e não se melindrava com o olhar de censura dos outros, se aliviava urinando nos muros.

Só quem fazia festa era o pessoal que se movia sem descanso entre os carros parados vendendo de tudo: amendoim, pipoca, sorvete, cachorro quente, empadinha, cocada, água, cerveja, açaí… Mas o bom humor dessa gente não oferecia refresco para a quentura de quem se via obrigado a uma imobilidade abusiva.

Sim, abusiva. Não há como relevar esse mau trato ainda mais ele acontecendo em fila de prioridade. E esperas menores, mas não menos aflitivas vêm acontecendo, principalmente do lado da Ilha, em dias normais; não em feriados ou finais de semana.

O fato concreto é que a Dersa se comporta como se comportava a Petrobrás se servindo de petroleiros sucateados nas décadas de 80 e 90 que, quase a todo momento, causavam vazamento de petróleo. Essa situação atingiu o paroxismo quando um deles simplesmente explodiu no meio do canal e ficou vários dias agonizando, meio submerso.

Hoje, essas vergonhosas situações ficaram no passado. É de se esperar que no futuro o #dersalixo perca força, quando embarcações modernas, tanto para os carros quanto para os pedestres, substituírem as atuais, listadas na conta de ferro velhos.

Seria, todavia, humanamente, solidariamente desejado que isso ocorresse imediatamente para que não se venha a ter notícia de internação hospitalar ou de morte como foi o caso da explosão do Alina P. que resultou em um tripulante morto e seis feridos em estado grave.

Numa fila de prioridade de horas intermináveis pode sim acontecer de alguém passar muito mal. E diante da indiferença da Dersa, ficar sem socorro urgente e por causa disso comprometer seriamente a sua saúde e no limite, falecer, oferecendo um patético espetáculo a todos os demais imobilizados por força do descaso e da incúria de quem tinha a obrigação de bem servi-los. Oferecia ainda, matéria, paradoxalmente boa, para o deleite da imprensa sensacionalista.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *