MP aponta que o suspeito poderia estar planejando fuga durante o inquérito
Luciana da Costa, avó da recém-nascida (Foto: NI) |
Por Daniela Malara Rossi e Mara Cirino
O médico acusado de causar a morte de um bebê durante o parto, no dia 29 de junho, foi preso na manhã deste sábado (18), em Caraguatatuba, após determinação da justiça criminal. A prisão preventiva foi decretada por conta de indícios de possível fuga, já que o médico estava organizando uma viagem ao exterior.
O suspeito está na carceragem da Delegacia de Caraguatatuba e na próxima semana deve ser encaminhado ao Centro de Detenção Provisória (CDP) na mesma cidade. De acordo com o delegado titular, Marcelo Abreu Magalhães, o Ministério Público recebeu informações de que o médico poderia estar em fuga e, por isso, a Polícia Civil fez o pedido. “A informação é que ele teria tirado passaporte, mas nesses casos é proibido sair do local da investigação até o término do processo”, explicou.
Ainda conforme o delegado, o inquérito deve ser concluído até a próxima quarta-feira (22), quando segue para apreciação da justiça, que pode ou não aceitar a denúncia e acusar o obstetra.
criança, que se chamaria Valentina, é que o profissional puxou o
bebê ainda prematuro pelos pés e, assim, arrancou sua cabeça. O médico
também teria adulterado o peso da criança no prontuário para que
fosse considerado um caso de aborto. O pai estava no quarto e assistiu todo o procedimento.
Nesta semana saiu o resultado do laudo da perícia do Instituto Médico Legal (IML), que comprova a negligência médica. No
prontuário do hospital, o peso do bebê era de 440 g, o que de acordo com a
legislação enquadra a criança como um feto e considera um caso de
aborto. Os peritos exumaram o
corpo e foi constatado que o peso era de 612 g, por isso era natimorto. Além disso, foram observadas
suturas no pescoço da vítima, o que indica que a cabeça foi costurada.
O
advogado da família do bebê, Geralcílio Costa Filho, contou que o resultado do IML deve auxiliar a acelerar o processo policial, mas ainda
falta o prontuário médico para comprovar o crime. “Teremos os documento
completos na segunda-feira (20) e esperamos poder esclarecer tudo o que
aconteceu no hospital naquela noite”, afirmou ele.
A família de Valentina é moradora de Ilhabela e, segundo Luciana
da Costa, 39 anos, avó paterna do bebê, sua nora estava com pouco mais de seis meses de gestação, quando começou a sentir fortes dores e foi para o hospital do arquipélago. Lá, ela teria sido diagnosticada com gravidez de risco e encaminhada para a cidade vizinha, onde seria cuidada na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Neonatal.
Um exame teria constatado que a posição do bebê era desfavorável para o parto normal, mas três dias após sua nora ter sido internada, o médico plantonista teria entrado no quarto, rompido a bolsa da gestante para induzir um parto normal e puxado o bebê pelo pé, o que teria provocado o descolamento da cabeça. Em seguida, a mãe teria sido transferida para a sala de cirurgia para retirar a cabeça e a placenta por meio de uma cesariana.
Após a repercussão do caso, o médico foi afastado de suas funções e o Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp) também investiga o caso.