Morre piloto que salvou 39 vidas pousando avião na praia da Baleia

Faleceu aos 90 anos, em Joinville (SC), o ex-piloto brasileiro Heinz Eric. Ele ficou famoso em 1957, ao ser protagonista do pouso de emergência de um avião da antiga Real Aerovias no mar da Praia da Baleia, em São Sebastião. Todas as 39 pessoas a bordo foram salvas.

A morte de Eric ocorreu nesta quinta-feira (6). Segundo a família, ele estava lúcido e ativo, mas enfrentava dificuldades de locomoção após uma queda recente.

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O milagre brasileiro e o piloto

piloto

A manobra heroica, comparada por especialistas ao aclamado ‘Milagre do Rio Hudson’ de 2009 nos EUA, ocorreu na tarde de 2 de novembro de 1957. O avião DC-4 (PP-AXS) havia decolado de São Paulo rumo a Miami, com escala no Rio de Janeiro. Minutos após a decolagem, um dos motores pegou fogo e se soltou da asa, um mecanismo de segurança para evitar que as chamas atingissem os tanques de combustível.

Então, Eric, que estava na cabine de passageiros e também era copiloto, correu para alertar a tripulação, composta pelo comandante Dálvaro Ferreira Lima, o copiloto Muller e o primeiro-oficial Cavalcanti. Diante do risco iminente de explosão, a equipe, com Eric na coordenação, tomou a decisão dramática e quase impossível: pousar no mar.

Em um dia de mar calmo, a perícia do comandante foi crucial. Eles conseguiram calcular o ângulo de aproximação e a velocidade exata para evitar que a aeronave se partisse. O pouso ocorreu a cerca de 300 metros da praia, paralelamente às ondas. O avião flutuou, e todos os 30 passageiros e 8 tripulantes foram resgatados por pescadores locais.

Segundo especialistas da aviação, pousos bem-sucedidos de grandes aeronaves na água são extremamente raros. O feito da tripulação da Real Aerovias em 1957, que não registrou vítimas fatais nem o rompimento da aeronave, é considerado um marco na aviação mundial e creditou a Eric e seus colegas a alcunha de heróis.

Após a ocorrência, ele subiu de posto, tornando-se Comandante de voos nacionais pela Real Aerovias.

O piloto deixou a aviação no final dos anos 1960, após a crise da companhia. Ele se mudou para a Alemanha, onde se formou em engenharia mecânica. De volta ao Brasil, construiu uma carreira de sucesso na área industrial, dirigindo uma empresa internacional de motores em São Paulo por mais de três décadas. Aposentado, mudou-se para Curitiba antes de residir no retiro próximo a Joinville, onde faleceu.

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