Uma jovem estudante de São Sebastião, filha de uma confeiteira e um pedreiro, passou no vestibular do curso de medicina da Universidade de São Paulo (USP), uma das instituições mais prestigiadas do Brasil.
Bruna Salvador, de 21 anos, que cursou o ensino médio em um Instituto Federal e o fundamental em escola pública, destaca a importância de uma base sólida durante sua trajetória acadêmica. Em entrevista ao Nova Imprensa, ela contou sua trajetória até a conquista e deu dicas aos vestibulandos de como estudar e controlar a ansiedade.
Apesar dos desafios enfrentados por estudantes de escolas públicas, Bruna sempre foi uma boa aluna, alcançando boas notas ao longo de sua vida escolar. “Tive a sorte de estudar em escolas que, mesmo públicas, a direção e equipe eram dedicadas e bem estruturadas. Fiz o meu ensino médio em um Instituto Federal, o que facilitou a minha jornada no cursinho, pois entrei com uma base de conteúdo bem consolidada”, explicou.
Desde o início, seu desejo era cursar medicina, embora, inicialmente, tenha considerado veterinária. “Apesar de meus olhos brilharem quando falava de medicina, eu sabia que era um curso difícil de passar, e tinha muito medo de falhar, logo nem queria tentar. Somente na metade do terceiro ano do ensino médio que, com o apoio da minha família, decidi ouvir o meu coração e ir atrás do sonho. Sou uma pessoa que gosta de ouvir, acolher e ajudar o próximo, da forma que eu puder, principalmente àqueles que mais precisam. Acredito que a medicina necessita de pessoas assim, que usam o seu conhecimento para o bem e para o amor”, contou Bruna.
Dedicação
A jovem preparou-se intensamente para a Fuvest, a prova de ingresso da USP. “Cuidei do meu emocional investindo em simulados e prestando vestibulares durante três anos, para saber lidar com o nervosismo. Cheguei ao dia da prova tranquila, não só por já ter lidado com aquele momento diversas vezes, mas também porque entreguei nas mãos de Deus”, confidencia a estudante.
Além disso, durante o último de estudo, ela frequentou a academia. “O exercício físico ajudou a controlar a minha ansiedade, dormir melhor e render melhor nos estudos também; acho que é a melhor recomendação que posso dar para ajudar na saúde mental”, aponta ela.
Sua rotina de estudos incluía a metodologia ‘aula dada é aula estudada’, combinando teoria, exercícios práticos e revisões constantes. O apoio da família e de professores foi fundamental durante sua preparação. A estudante mencionou que sua família não mediu esforços para apoiá-la, desde a logística das provas até o suporte emocional. “Sem eles, eu não teria chegado até aqui”, afirma.
Sonhando com a USP
Bruna fez as provas em São José dos Campos, uma viagem de duas horas de carro. “Saímos cedo de casa, por volta das 9h. Minha mãe preparou almoço para eu comer no carro, no estacionamento do local de prova mesmo, pois não dava tempo de ir a um restaurante. Nesse ano, em específico, eu fui muito tranquila fazer as provas, eu sabia que tinha dado todo o meu esforço e que Deus me honraria”, enfatizou. “O meu pensamento dizia que daria certo. Eu repetia: ‘Essa é a última etapa, estou a poucas questões do meu sonho’ e funcionou”.
Agora, com a aprovação em medicina, ela se prepara para aproveitar ao máximo a experiência acadêmica na USP. “Quero descansar da tensão dos três anos de vestibular. Então, depois disso vou aproveitar a estrutura da USP para adquirir conhecimentos, desde o início, para tornar-me uma excelente profissional. Eu quero ajudar e cuidar do próximo, sonho em ser a médica que o paciente fale ‘que bom que ela está de plantão hoje’, sabe?”.
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Em uma mensagem de incentivo aos colegas estudantes de escolas públicas, Bruna ressalta a importância de nunca desistir e de procurar apoio. “As escolas públicas não contam com uma infraestrutura nem um ensino excelente, mas têm professores que acreditam, de verdade, na educação, que muda vidas”, pontua.
“Se não tiver condições de pagar um cursinho, aproveite os conteúdos gratuitos na internet, peça materiais didáticos emprestados para os profissionais compromissados. Infraestrutura precária dificulta o nosso caminho, mas não podemos deixar que ela limite o fim dele”, conclui Bruna.