O professor de Educação Física e técnico de basquetebol, Rubens de Castro, de 44 anos, está lançando em Caraguatatuba um livro sobre adoção tardia. Nesta segunda obra do autor, ele conta sua experiência ao adotar duas crianças, uma menina e um menino, de seis e oito anos.
“Já escrevi um livro sobre educação, faço poesia, já tive banda de rock há alguns anos, sempre fui envolvido com arte. Porém escrever este livro foi uma experiência diferente, visceral, meio espiritual”, conta Castro.
Ele e a esposa fazem parte de grupos de discussão sobre adoção tardia e, em um deles, recebeu um pedido para contar a história da família. “Escrevi tanto que a pessoa sugeriu que eu escrevesse o livro. Assim nasceu Rios Brilhantes”. O autor disse que foi muito rápido todo o processo de escrita e que as irmãs jornalistas ajudaram com a revisão.
A adoção
Casados há quase 21 anos, Rubens e Lana sonhavam em transformar uma família de duas pessoas em quatro e começar uma nova história. Ele conta que demoraram bastante para tentar ter filhos. “Já tínhamos nos aventurado muito por aí; viagens, passeios e de repente um vazio; faltava alguma coisa”.
“Veio o sonho de gerar um filho, mas as tentativas não deram certo e descobrimos que não poderíamos ter filhos biológicos”, explica o professor. Ambos estavam com 40 anos e haviam se mudado para uma casa grande, planejando as crianças que viriam.
Há quatro anos decidiram fazer o curso do juizado para adoção, a procura de uma criança pequena. Passou-se um longo tempo e a primeira experiência de encontro foi com um menino de Osasco. Quando lá chegaram, descobriram se tratar de um grupo de cinco irmãos que não deveriam ser separados, mas poderiam se eles escolhessem dois. “Missão frustrada. Como separar corações?”, desabafou.
O tempo passou, enfrentaram a burocracia e desventuras, até que Rubens e Lana receberam a foto de dois irmãos, de 6 e 8 anos, que moravam em Mato Grosso. “Era feriado de Nossa Senhora Aparecida, e o ano era 2016. O grande encontro aconteceu e a partir daí muitas aventuras, resiliência, amor em linhas que foram costurando o coração desses quatro personagens da vida real”, conclui.
Rios Brilhantes narra o nascimento de uma família e suas descobertas como pais e filhos. “Não existe receita, cada casal é de um jeito e cada filho é diferente. Existe um manual no curso, leituras que podem ajudar quem quer adotar. O que acontece na etapa de aproximação, como a criança pode se sentir sozinha, ou ter reações de saudade ou agressividade, por exemplo. Muita coisa batia, mas muita coisa não. Cada experiência é única”.
“Adotamos e fomos adotados. Para funcionar tem que ser uma via de mão dupla. O amor é construído no relacionamento, dedicando-se ao outro”, emociona-se o autor. “Não gosto da expressão ‘filho adotivo’, eu acredito que filho é filho, não importa de onde veio”.
Sobre o primeiro encontro, o autor conta: “eu vi o Rian sentado no sofá com outras três crianças e a Larissa correndo no corredor, indo tomar banho para nos encontrar. Os conhecemos no dia das crianças”. O casal, que havia passado por situações decepcionantes, preferiu não criar expectativas no primeiro encontro e na aproximação. “Porém as únicas crianças que levamos para nossa casa foram eles”.
“Fomos tocados em outros momentos e despertados como família, cada um do seu jeito”, comenta Castro. “Só descobrimos o quanto já gostávamos deles quando corremos o risco de perdê-los”.
O professor enfatiza que para o sucesso da empreitada, é necessário muita convicção e espiritualidade, vontade e disposição para a prática do amor. “Educar é um ato de amor e depende muito da nossa força interior e do poder da empatia, muita empatia”, ressaltou.
Hoje, quatro anos depois, estão todos devidamente adotados por Rian e Larissa: pais, tios e avós. “Ninguém imagina a vida antes de tantas risadas gostosas e experiências surreais”, diverte-se o pai.
Ele diz que escreveu Rios Brilhantes para para desmistificar a adoção tardia. “Em vários abrigos por todo Brasil há crianças ficando envelhecendo diante à burocracia e saindo do foco de casais que buscam completar suas famílias”.
Castro conta que o livro é cheio de aventuras e descobertas regadas pelo amor “que exige a construção diária de um sentimento para a vida toda”.
A parede colorida
Do dia que se conheceram até o dia que pais e filhos foram morar na mesma casa, passaram-se dois meses. Para suportar o tempo de espera, o casal pintava tijolos coloridos em uma parede. “Ela se tornou para a gente um símbolo de espera. Olhar para ela quatro anos depois é motivo de orgulho”, derrete-se.
Castro informou ainda que parte da renda das vendas do livro será revertida para a Casa Beija-Flor, de Caraguatatuba, que assiste crianças em situação semelhante à de Rian e Larissa, além de crianças em situação de risco.
Informações de vendas no Whatsapp/telefone: (12) 99625-0757 ou pela internet ou facebook.