Um pescador de 74 anos, morador da comunidade tradicional caiçara da Praia do Bonete, extremo sul de Ilhabela, passou mal e morreu na manhã desta quinta-feira (20). Moradores solicitaram socorro, mas quando a lancha do Grupamento de Bombeiros Marítimos (Gbmar) e a equipe do Samu chegaram ao local, Seu Jair Leite de Souza, conhecido na comunidade como Bambu, já havia entrado em óbito.
Após o caso, a comunidade solicitou um ofício, via Câmara Municipal, endereçado à Polícia Civil de Ilhabela, cobrando a apuração de negligência no caso, já que a Unidade Básica de Saúde local não possui um aparelho desfibrilador externo automático (DEA), o que é obrigatório por lei. O pedido de investigação lembra que a legislação prevê a presença do equipamento em todas os postos de saúde do município.
O Bonete tem acesso remoto e só é possível chegar com embarcações pelo mar ou a pé, por uma trilha de aproximadamente 15 Km. A comunidade não possui um hospital, nem médicos disponíveis.
As informações iniciais são de que Seu Jair teria tido um ataque cardíaco. Ele estava arrumando suas coisas na canoa para ir à cidade quando caiu na beira da maré. Ele chegou a ser socorrido por moradores e pela enfermeira da comunidade, mas não resistiu. Um dos moradores conta que o grupo ficou mais de duas horas realizando manobras de salvamento até a chegada do socorro.
Um vídeo que circula nas redes sociais mostra o momento em que integrantes da comunidade tentam reanimar a vítima. Nas imagens, um dos moradores lembra das cobranças feitas há anos sobre assistência médica, do DEA e da presença de guarda-vidas, com equipamentos de salvamento, para a comunidade.
Em nota, a Prefeitura de Ilhabela informou que a aquisição do DEA está em processo licitatório e que a sessão de pregão eletrônico ocorreu ontem (19). A administração também afirmou que a aeronave Águia da Polícia Militar foi solicitada para o atendimento, mas devido ao mau tempo não tinha condições de voo.
Bombeiros no Bonete
Em 2017, um projeto de lei foi aprovado pelos vereadores, determinando a presença de guarda-vidas capacitados pelo Corpo de Bombeiros e aparelhos de resgate adequados para todas as comunidades caiçaras de Ilhabela. Porém, as 12 contratações previstas ainda não foram realizadas e as comunidades seguem cobrando seus direitos das autoridades.