Mulheres celebram o Mês da Visibilidade Lésbica em São Sebastião

Pela primeira vez na história recente de São Sebastião, um grupo de lésbicas se reuniu neste domingo (3) no Polo Cultural de Boiçucanga da Fundass para celebrar a conclusão do Mês da Visibilidade Lésbica e preparar um calendário de ações para o próximo ano.

No encontro, elas trocaram experiências e falaram sobre as dificuldades que enfrentam no cotidiano. Algumas são sebastianenses, outras vieram com a onda migratória pós-pandemia que trouxe pessoas de todo canto do estado e do país para o Litoral Norte.

Entre as participantes, uma psicóloga contou que dois pacientes cancelaram suas consultas após descobrir a orientação sexual dela. Uma estudante caiçara denunciou a lgbtfobia estrutural que caracteriza a cidade, onde é difícil encontrar referências lésbicas assumidas nos espaços de poder.

Três docentes que participaram da roda de conversa falaram sobre a importância de dialogar com os e as adolescentes que, com frequência, fazem perguntas sobre diversidade sexual e sobre a orientação sexual dos professores. Uma delas lembra como descobriru, já adulta, que algumas de suas próprias professoras eram mulheres lésbicas, não assumidas dentro do espaço escolar, e como saber disso à época a teria ajudado a entender sua própria orientação e viver uma adolescência mais tranquila.

Ao final do evento, as mulheres maracaram, entre outras ações, encontros periódicos nas praias de São Sebastião, à semelhança do evento carioca “Isoporzinho das sapatão”, que dá visibilidade ao movimento lésbico.

“Nós somos uma comunidade grande, com uma cultura forte e histórica, que é constantemente invisibilizada na sociedade”, disse Isabela Gaia Gonçalves, tradutora e conselheira de gênero do Conselho de Política Cultural de São Sebastião. “E porque faltam registros, história, estatísticas sobre nós, faltam também políticas públicas, falta respeito da sociedade, falta celebração do que a gente é e valoriza. Estes encontros vêm para começar a mudar isso aqui na cidade”.

Lesbofobia, linchamento e violência policial: o caso de 2013

Entre as organizadoras do evento do domingo, está também Joana Palhares, que aos 18 anos protagonizou um dos maiores casos de lesbofobia ocorridos na cidade.

Em 2013, ela organizou um protesto no ato político-evangélico “Glorifica Litoral”, liderado pelo deputado federal Marco Feliciano, eleito naquele ano presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias. O evento havia sido financiado com dinheiro público, em uma articulação do companheiro de partido (PSC) e prefeito da cidade Ernane Primazzi.

Em um momento em que, acompanhado do prefeito no palco, Feliciano convidava os presentes a trocar abraços e cumprimentos, o grupo que estava com Joana promoveu um beijaço entre pessoas do mesmo gênero. O ato foi inicialmente recebido com tranquilidade pelo público ao redor, mas logo caiu na mira do pastor, que ordenou que a Polícia Militar desse “um jeitinho naquelas duas garotas que estão se beijando”. “Aquelas duas meninas têm que sair daqui algemadas”, disse.

O público passou então a linchar a jovem e sua companheira. Seis agentes masculinos da GCM deram uma chave de braço nela e a jogaram por cima das grades, distribuindo insultos, tapas na cara, socos e chutes nas costas das adolescentes caídas. Elas foram levadas, algemadas, até a porta da delegacia, onde um agente teve a cautela de retirar as algemas antes de entrar, ciente da ilegalidade da detenção.

Joana e sua companheira conseguiram registrar uma queixa da violência sofrida pelos agentes de segurança antes de serem levadas ao hospital, com o pulso aberto e costelas luxadas. As adolescentes ganharam a ação contra a GCM, mas uma segunda ação movida contra Marco Feliciano foi arquivada em segunda instância.

Nas semanas seguintes, elas continuaram sofrendo agressões nas redes sociais e Joana precisou passar cinco anos afastada de São Sebastião, com medo da violência lesbofóbica. Hoje ela conta que “não esperava que o caso tomasse a proporção que tomou, mas foi bom porque muita gente me mandou mensagem agradecendo, falando que depois disso resolveu se entender consigo mesma. Não só se assumir, mas se entender consigo mesma”.

Ela também se diz feliz com o movimento que vê acontecer hoje na cidade. “Hoje pessoas que estiveram no mesmo lugar em que a gente esteve anos atrás têm uma base de apoio, têm onde falar, têm alguém junto pra escutar. Isso é muito bom”, diz.

“Orgulhe-se”

O evento das lésbicas surge de uma organização que hoje conta com mais de 130 representantes LGBTQIAPN+ de São Sebastião e arredores, e que vem realizando eventos de arte, cultura e ativismo desde 2018.

À frente do evento “Orgulhe-se”, celebrado todos os anos em junho, mês do Orgulho LGBT+, estão os produtores culturais Geovane Sousa, Nikolas Faria e Cláudio Santana, que é também conselheiro LGBT+ no Conselho Municipal de Política Cultural. Em sua quarta edição em 2023, o encontro contou com palestras, rodas de conversas, feira de empreendedorismo, exposição fotográfica, mostra de documentários, shows de drags e de música. E foi encerrado, pela primeira vez, com uma parada do Orgulho LGBTQIAPN+, que no entanto não foi autorizada a desfilar pela rua da praia e teve sua duração reduzida de duas horas para cerca de cinco minutos.

“É um trabalho árduo e constante, mas em quase cinco anos em que faço parte da produção de festas e eventos LGBTQIA+ no litoral norte, acompanhamos juntos a evolução da comunidade. No final das contas todo mundo sai ganhando: oportunidades são dadas, artistas são descobertos, figuras importantes LGBT+ são ouvidas e a região dá passos, mesmo que curtos, rumo à uma sociedade mais justa e igualitária”, resume Souza.

A nova cena LGBT+ da cidade conta também com o evento de música, dança e performances “Xama Sapatão”, organizado por Janaína Costa (DJ Naja) e Bruna Borrego (ou DJ Diega) e com as festas e festivais realizados pelo coletivo Bando de Gente Feliz, que visa dar espaço aos pequenos artistas LGBT+ locais e fazer com que as pessoas “não se sintam tão sozinhas, principalmente em uma cidade que nunca teve esse tipo de espaço seguro para se expressar livremente”, conforme afirma um de seus criadores, Cadu Meirelles.

2 Replies to “Mulheres celebram o Mês da Visibilidade Lésbica em São Sebastião”

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    q orgulho tds esses movimentos trazendo cores y diversidade p essa cidade, q sigamos na luta p um mundo c respeito y liberdade 🌈💖

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