Dois médicos foram presos pela Polícia Federal (PF), na manhã desta terça-feira (20), em Ubatuba, suspeitos de atuar na máfia dos respiradores. A investigação do crime é feita pela Operação Contágio, que apura fraudes estimadas em mais R$ 100 milhões de recursos públicos destinados ao combate do coronavírus em cidades de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais.
Ao todo, foram cumpridos 38 mandados de busca e apreensão e cinco mandados de prisão temporária. Também foi decretado o bloqueio de valores e imóveis dos investigados e a apreensão de veículos, incluindo carros esportivos de luxo.
O esquema
A suspeita dos crimes teve origem após a Controladoria Geral da União (CGU) identificar a contratação de uma Organização Social (OS) que não teria capacidade técnica para os serviços. Alguns dos contratos foram firmados de maneira emergencial, para gestão e atendimento de pessoas infectadas pela Covid-19. Para realizar os serviços, a OS subcontratava empresas associadas, algumas constituídas poucos meses antes, também sem experiência na área de saúde.
Segundo a nota da PF, os empresários, após os repasses de recursos pela OS, efetuaram centenas de saques em espécie que somam mais de R$ 18 milhões, realizados de maneira fracionada para burlar o controle contra lavagem de dinheiro do sistema financeiro nacional. O transporte do dinheiro era feito sob a escolta armada de um guarda civil municipal, que também participaria do esquema.
Os crimes apurados são de peculato (art. 312, do Código Penal), fraude à licitação (arts. 89 e 90 da Lei nº 8.666/93), lavagem de dinheiro (art. 1º da Lei nº 9.613/98) e organização criminosa (art. 2º da Lei nº 12.850/2013).
Médicos presos em Ubatuba
Segundo informações, os médicos presos em Ubatuba estavam hospedados em uma casa no condomínio da praia da Itamambuca. A ação teve apoio da Polícia Militar e da Polícia Rodoviária Federal para fazer a abordagem e detenção dos suspeitos.